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CULTURA VIVA

Projeto do IFS promove batizado e troca de cordões para 26 capoeiristas em Lagarto

Escrito por GERALDO BULHOES BITTENCOURT FILHO | Publicado: Terça, 21 de Mai de 2024, 14h43

5O “I Ginga no Juá” reuniu comunidade e promoveu inclusão social através da capoeira e do samba de roda

Os dias 10 e 11 de maio foram marcantes para Nycollas Fernandes Santos Nascimento, estudante do último ano do curso integrado em Redes de Computadores do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Campus Lagarto. Após muita preparação, enfim chegava o tão esperado evento "I Ginga no Juá: Batizado e Troca de Cordões", realizado no Centro de Capoeira e Cultura Popular Flor de Juá. O ponto culminante da programação foi a cerimônia de graduação, onde 26 capoeiristas receberam seus cordões e, em seguida, formaram uma roda para jogar com os mestres. Nycollas já sentia que aqueles dias seriam especiais. A capoeira, uma arte que ele descreve que flui "naturalmente no nosso corpo", a acolheu de tal forma que se tornou uma parte intrínseca de sua vida. “Me senti abraçado, com uma sensação de responsabilidade. A capoeira é uma arte linda”, declara o estudante sobre o momento em que recebeu o cordão 1° verde escuro das mãos do Mestre Castanha.

2No dia anterior ao evento, Nycollas havia participado da organização, contribuindo com a produção das artes e dos cards que circulavam nas redes sociais. Ele conta, porém, que foi durante a oficina de samba de roda que experimentou uma transformação interna. "Sambei com a Mestra Preta de Boituva e esta é uma lembrança especial para mim," aponta o aluno do IFS, com brilho nos olhos. Nycollas, que inicialmente era tímido, começou a perceber uma mudança em si mesmo. Ele e seus colegas se tornaram mais amigáveis, desenvolvendo um senso de comunidade e camaradagem. A capoeira deixou de ser uma atividade física para se tornar uma lição de vida. "A capoeira faz parte da nossa história, do nosso corpo. Ela é muito rica em vários sentidos. Quem me mostrou isso foi a minha professora," disse Nycollas, referindo-se Sandra Helena Gonçalves Costa, docente de geografia do Campus Lagarto que coordena o projeto junto com o também professor Rubens de Souza de Matos Júnior.

4Segundo Sandra, o “I Ginga no Juá” proporcionou à comunidade de Lagarto, berço de muitos artistas populares, uma imersão cultural celebrada em seu próprio território de morada e produção de arte. Além disso, o evento atendeu às demandas de atividades integradoras do curso de Redes de Computadores. “Os estudantes envolvidos no projeto foram protagonistas nos processos de concepção, divulgação, preparação e realização do evento. Eles vão contribuir ainda com a criação de uma plataforma digital que mapeará os portfólios dos artistas da comunidade, visando um melhor acesso aos editais públicos de cultura”, explica a docente, que durante o evento também recebeu o seu grau de professora de capoeira.

A programação do “I Ginga no Juá” foi recheada de muita música, dança e interação entre a comunidade. O primeiro dia contou com uma aula de capoeira ministrada pelo contramestre Dal, do Grupo Capoeira Ativa de Boituva, de São Paulo, e uma roda de capoeira e uma apresentação da Junina Unidos em Arrastapé. Na manhã do segundo dia, ocorreram oficinas de musicalidade na capoeira, com integrantes do Grupo Capoeira Ativa, e o professor de Capoeira Léo Aruandê, do Grupo Aruandê Capoeira, de Simão Dias, Sergipe. A manhã foi finalizada com um almoço que rememorou o ato da tradição afroindígena de “comer juntos”. À tarde ocorreu a cerimônia de batizado e troca de cordões, com apresentações solo e em dupla, além de cantigas de capoeira.

Participação comunitária

3O “I Ginga no Juá” não atraiu apenas estudantes e professores do IFS, mas alcançou também a comunidade de Lagarto. José Adrian Santana Rodrigues, de 17 anos, foi um deles. Ele é aluno da Escola Municipal Zezé Rocha e atingiu um novo degrau como capoeirista ao receber o cordão amarelo com verde. O garoto aponta que o jogo de palmas e as músicas o fizeram se interessar pela arte. "A Capoeira é linda. Foi ali que aprendi muita coisa nova e fiz várias amizades importantes," disse Adrian, cujos sentimentos também são compartilhados por Jonas Rodrigues Costa, aluno do curso de Eletromecânica do Campus Lagarto e voluntário no projeto: “O evento foi algo surreal de lindo. No início eu fiquei meio tímido, porém com o passar do tempo eu fui perdendo a vergonha e comecei a fazer novas amizades. Aprendi várias coisas com as oficinas, principalmente com a de samba, onde eu aprendi os principais fundamentos da dança”.

À medida que o sol se punha e a programação chegava ao fim, um sentimento de realização pairava no ar. O “I Ginga no Juá” foi uma celebração das tradições da capoeira e do samba de roda e poderosa ferramenta de inclusão social que tocou a comunidade de Lagarto. Nycollas, Adrian, Jonas e muitos outros saíram mais fortalecidos e conectados pela arte da capoeira, pelo espírito de comunidade e pelo legado cultural que levarão consigo. Mestre Marquinhos, responsável pelo Grupo Capoeira Ativa, resumiu com entusiasmo o impacto do evento: “Foi perfeito em todos os sentidos. Um ponto importante é o trabalho como ferramenta de inclusão social para toda a comunidade. Pude sentir que as crianças e jovens estão interessados e interagindo bem. Esse é o poder que a capoeira tem”.

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* O evento “I Ginga no Juá” integra as ações do projeto de extensão "GINGA NO JARDIM: fortalecimento de projetos culturais comunitários no Bairro Jardim Campo Novo (Lagarto, SE)", do edital Propex nº15/2023, que tem parceria com a Junina Unidos do Arrastapé.

 

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