Estudantes do Campus Lagarto fazem visita técnica à comunidade quilombola em Simão Dias
Iniciativa interdisciplinar reuniu turmas dos cursos de Arquitetura e Licenciatura em Física
No mês da Consciência Negra, estudantes dos cursos superiores de Física e Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Campus Lagarto, realizaram uma visita técnica para a comunidade quilombola do Povoado Sítio Alto, na cidade de Simão Dias/SE. A iniciativa teve o intuito de proporcionar um diálogo enriquecedor entre as abordagens da História da Educação, educação e trabalho, e o patrimônio negro.
A visita ocorreu em 12 de novembro, sendo parte do planejamento interdisciplinar, envolvendo os professores: Mariana Barreto (Coordenação de Ciências Humanas e Sociais – CCHS) e Acácio Figueiredo (Coordenação do Curso em Licenciatura em Física – CCLF).
Os estudantes tiveram a oportunidade de compreender questões voltadas à ancestralidade dos integrantes da comunidade, além de conhecerem o acervo do memorial da comunidade. “Pretendemos construir um projeto para ajudar a transformar o ambiente e identificar as peças deste memorial. Os discentes ficaram encantados com toda a riqueza histórica e cultural da comunidade”, ressaltou a professora Mariana.
Ainda segundo a docente, os alunos dos 2º e 3º períodos do curso de Arquitetura e Urbanismo produziram croquis temáticos (espécie de esboço), os quais farão parte de uma exposição sobre o Patrimônio Negro, que integrará a programação da Semana da Consciência Negra na unidade de ensino.
Já os estudantes do curso de Licenciatura em Física realizaram entrevistas com membros da Associação da Comunidade, para elaboração de textos sobre educação popular e trabalho nas comunidades quilombolas.
Experiência exitosa
Mariana destaca que a visita técnica proporcionou aos futuros profissionais a possibilidade de conhecer as vivências e saberes das comunidades. “O mais importante de todo o processo é que visitas como estas marcam as vidas dos discentes. Eles passam a ter um novo olhar para a vida, já que ouviram relatos de lutas e dificuldades extremas, mas cercados de muito amor”.
A professora reforça a importância de uma instituição como IFS apoiar atividades neste modelo. “Acredito em uma escola ‘viva’ e a sala de aula deve ser um ambiente instigante e promissor, buscando despertar nos discentes a curiosidade. Procuro sempre trabalhar com metodologias ativas nas minhas turmas”, completou.
Para Acácio, esta oportunidade trouxe um momento de realização do processo educativo, o qual é essencial para o diálogo constante entre o IFS e a sociedade. “Quando fazemos uma intensa imersão, construímos a ligação do saber do senso comum da comunidade e o saber científico desenvolvido nas áreas de conhecimento”.
O docente conta que os estudantes puderam ter acesso a depoimentos importantes, como o de “Dona Finha”, líder comunitária da Associação de Moradores, que falou acerca do processo histórico de surgimento da comunidade e da importância de preservar os saberes ecológicos e tradicionais no combate à modernização destrutiva, a exemplo do uso de drones que acabam espalhando veneno nas plantações.
“A preservação do saber tradicional da plantação orgânica é fundamental para manter a resistência e sobrevivência do povo. Saímos realizados como educadores na construção dialógica com os alunos e alunas envolvidos”, garantiu Acácio.
Para Santiago Vieira, discente de Física, ter acesso a essa cultura e às falas expostas pelos moradores foi algo encantador, por se tratar de um conhecimento rico. “Conhecemos ainda os desafios enfrentados pela comunidade, que sofre com a ausência de iniciativas do poder público, o que gera dificuldades para eles. Mesmo com esses obstáculos, é lindo ver a comunidade ativa”, relatou.
Natália Andrade, estudante de Arquitetura e Urbanismo, ressalta que a visita técnica foi algo humanizador para ela enquanto discente. “É um povo que luta para dar continuidade a sua identidade cultural e para ter visibilidade junto ao poder público. A experiência foi extraordinária! Conheci outra realidade e senti vontade de ajudar. Estou muito feliz em fazer parte de uma instituição que me instiga para um olhar mais humanizado além de uma formação técnica”, concluiu.
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