Reutilização de água de ar condicionado é tema de pesquisa no Campus Lagarto
O objetivo é, para curto prazo, mensurar e viabilizar a coleta da água que era desperdiçada, além de desenvolver método automatizado de coleta e distribuição. Em longo prazo, a meta é desenvolver tecnologias inteligentes e acessíveis para a utilização inteligente de recursos hídricos em residências, prédios e similares.
Certo dia, durante a aula de Redes de Computadores no Campus Lagarto do Instituto Federal de Sergipe (IFS), houve um problema com os aparelhos de ar condicionado, que estavam gotejando dentro da sala. Ao colocar um balde para evitar que a água prejudicasse a aula, alunos e professor perceberam que, durante uma tarde, um balde de 5 litros ficou cheio. Imaginando que a mesma situação ocorria com os demais aparelhos, nasceu, assim, uma ideia de pesquisa: fazer o mesmo com demais aparelhos da instituição e pensar em formas de reaproveitamento inteligente do líquido.
De acordo com Brunna Martins, aluna do curso de Redes de Computadores, o grupo de pesquisa foi montado por alunos com afinidade com a área de meio ambiente e do curso de Redes de Computadores, tendo em vista que a proposta é que seja criado um sistema automatizado de coleta e reutilização da água. "Demos início à pesquisa em fevereiro, utilizando um dos blocos do Campus Lagarto, colocamos reservatórios para acumular a água desperdiçada, e a cada turno, eram feitas medições. Chegamos a conclusão que é possível coletar, no ambiente de estudo, 150 litros por dia", ressalta a estudante e pesquisadora.
Com prazo de dois anos, o projeto não se resume apenas na coleta e medição do líquido. Gyovani Santos, que também integra o grupo de pesquisa, explica que outra etapa do estudo engloba a análise química do material coletado, a fim de verificar se é possível a utilização do recurso hídrico em contato com a pele humana e se seria possível torna-la potável. "Antes mesmo da conclusão desta etapa já foi possível concluir que o material pode ser aproveitado nas descargas dos banheiros ou para lavar o chão dos pavilhões do instituto", ressalta.
Até então, seria uma ideia sustentável, porém o diferencial desta pesquisa consiste na automatização da coleta e da aplicação da água. Ou seja, sair de um trabalho manual para ser feito através de um sistema inteligente, pensado e programado pelo grupo de pesquisa. "Foi concebido um projeto hidráulico que permitisse armazenar toda a água coletada e um reservatório subterrâneo. Tal reservatório estaria equipado com sensores de níveis que acionariam uma bomba d´água enchendo um segundo reservatório interligado aos banheiros", explica Almerindo Rehem Neto, doutor em Ciências da Computação, professor do IFS/Campus Lagarto e orientador do projeto.
Tecnologia a favor do meio ambiente
Ainda de acordo com o professor Almerindo, este trabalho é de aplicabilidade imediata e ganha importância ante a situação ambiental global. "Comumente estamos vendo notícias sobre a escassez da água e de sua utilização. Atualmente, no próprio Instituto Federal, se o projeto fosse realmente implantado, já haveria um ganho direto em economia hídrica e financeira, sem falar no aspecto ecológico e educacional que ajudariam a formar uma consciência a respeito do assunto", analisa.
Um último objetivo da pesquisa seria colocar em prática todo o projeto concebido. "Para isso, foi criada uma maquete do ambiente de estudo em escala menor. Esta maquete demonstra todos os componentes necessários para o funcionamento e a automatização do processo de coleta. Os componentes e sensores são dirigidos por um software, implementado pelos membros do grupo de pesquisa, e embarcado em um micro-controlador", explica o professor Almerindo.
Em curto prazo, este projeto de pesquisa pretende apresentar uma solução sustentável para melhor aproveitamento de recursos hídricos, além de mostrar o retorno de investimento e os ganhos diretos e indiretos com soluções similares. "Em longo prazo, pretendemos desenvolver tecnologias inteligentes e acessíveis para a utilização inteligente de recursos hídricos em residências, prédios e similares", vislumbra o professor e orientador do projeto. Assim, há a meta de propor um novo padrão de projetos hidráulicos às construtoras, de forma que os usuários possam utilizar melhor este recurso e que para as empresas do ramo de construção.
Equipe
Além do professor orientador Almerindo Rehem Neto, integram o grupo de pesquisa os alunos de Redes de Computadores: Brunna Martins, Gyovani Santos, Igor Batista, Ian Sandes e Leila Vasconcelos. Também faz parte da equipe Fernando Henrique Vieira Trindade, que é graduado em Sistemas da Informação e técnico administrativo do IFS, lotado na Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI).
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