Campus Lagarto debate diversidade de gênero e sexualidade
Iniciativa dos alunos promoveu uma tarde com relatos, murais, palestra e apresentações artísticas com o objetivo de desconstruir preconceitos e melhor informar sobre a temática.
"Falta de informação gera falta de respeito que, por sua vez, resulta na exclusão. E, assim, o público LGBT se isola, gerando, entre outras consequências, a evasão escolar". Com esta fala, a estudante de Letras pela UFS e integrante Associação e Movimento Sergipano de Transexuais e Travestis, Linda Brasil, comoveu o público composto por alunos, servidores e terceirizados do Campus Lagarto do Instituto Federal de Sergipe (IFS) na última quarta-feira, 20 de julho.
Em evento denominado 'Dia da Diversidade de Gênero e Sexualidade' e pensado inicialmente por um grupo de cinco alunos, a instituição se tornou palco de um amplo debate sobre o universo LGBT. "Tivemos a ideia após chegarmos à conclusão de que a maior parte dos filmes que tratavam do tema tinham sempre uma tragédia ao final. Mas não é apenas isso. Além de mostrar a realidade (seja ela boa ou de superações), o nosso objetivo é trazer informação aos demais alunos e, assim, combater o preconceito e a evasão por parte dos que se sentem excluídos, além de pensar em formas de incluir o público LGBT na educação", explica Rangel de Souza Teixeira, aluno do 3º ano do ensino médio integrado com Redes de Computadores e um dos idealizadores do evento.
Em sua palestra, Linda Brasil, que também é representante do Coletivo de Mulheres de Aracaju, falou sobre as lutas, preconceitos, conquistas e direitos dos mais diversos gêneros. "Mais de 90% da população transexual e travesti ainda está na prostituição não porque querem, mas por ser a única oportunidade de trabalho que elas têm pra sobreviver. Afinal, muitas se sentem excluídas ainda na escola e não conseguem concluir os estudos, pois não se sentem confortáveis em muitos ambientes, inclusive o acadêmico", relata.
Educação inclusiva
Linda Brasil aproveitou o espaço em que conversou com estudantes e professores para lançar um desafio. "Vamos promover uma educação mais inclusiva. Começamos com projetos como estes, que visam informar sobre o nosso universo. Com mais oportunidades, inclusive para continuar os estudos, podemos construir uma sociedade mais igualitária e respeitosa", convoca.
Representado o IFS, a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Ruth Sales, falou sobre os desafios da educação. "O pensamento da inclusão do público LGBT deve começar na escola. E este é o desafio das instituições que trabalham com educação atualmente. Devemos, de fato, pensar em como melhor incluir não só os mais diversos gêneros, mas também as classes, etnias e outras diversidades", analisa.
Na análise do diretor geral do Campus Lagarto, José Osman dos Santos, somente o fato de trazer a temática para um amplo debate na escola já significa um importante avanço em relação a outras décadas. "Nós, que vivemos o ambiente acadêmico na década de 90, sabemos que este era um assunto não abordado. E mais: não sabíamos nem mesmo como tratar. Ainda assim, temos o desafio de trabalhar para que o público LGBT permaneça na escola e tenha êxito em sua vida profissional", ressalta.
Além da palestra de Linda Brasil, o Dia da Diversidade de Gênero e Sexualidade também contou com diversas atividades no campus, como a pintura coletiva de um muro com a temática, construção de um mural dos representantes LGBT no campus, apresentação de arte dreg e apresentação de canto e dança de Estevão Andrantos.
Redes Sociais