Após longa caminhada, estudante do Campus Lagarto conclui curso de graduação
Cerimônia de diplomação ocorreu no dia 3 de agosto no auditório da instituição e destacou a importância da formação do sujeito histórico-crítico
Uma singular colação de grau marcou a noite do IFS - Campus Lagarto no último dia 3 de agosto. O adjetivo “singular” se aplica não apenas pela emoção habitual em momentos como esse, mas também porque a “turma” diplomada era composta apenas por um integrante: Jorge Júnior, licenciado em Física. O agora professor de Física ingressou na instituição no segundo semestre de 2011 e relata que a conclusão do curso representa uma grande consquista pessoal em virtude das inúmeras dificuldades que precisou superar ao longo dos anos (financeiras e de defasagem da base escolar foram as principais) para obter êxito enquanto estudante.
“Nesse sentido, destaco a importância que o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) teve em meu trajeto como aluno, pois, além de aprender na prática, com as escolas parceiras, o que é ser um físico educador, a bolsa do programa foi determinante para que eu conseguisse permanecer no curso”, afirmou Jorge.
O professor Augusto Freitas, que foi o paraninfo da cerimônia, afirmou que, ao longo dos anos, viu Jorge amadurecer como estudante, tanto no plano acadêmico quanto nas relações com os colegas de curso. O docente enfatizou que, além das dificuldades financeiras, o ex-aluno teve que superar a falta de uma boa base matemática para avançar no curso.
“É importante lembrar que, quando o estudante tem dificuldade (e a maioria dos estudantes de Física tem), acaba perdendo disciplinas e o coeficiente de rendimento cai, o que dificulta o acesso a bolsas de iniciação científica. Jorge, sem dúvida, conseguiu superar essas dificuldades e fugir das estatísticas de evasão”, concluiu o professor.
Inclusão
A celebração contou com a presença de familiares, amigos de curso e ex-professores do formando, além de gestores da instituição. Houve grande tônica nos discursos da noite em torno da problemática do acesso das populações negras ao ensino superior, que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dobrou de 2005 a 2015, mas ainda é inferior ao de brancos.
“Além da ampliação desse acesso, é necessária fiscalização para que a política de cotas, responsável pela reparação de um erro histórico gritante, não seja burlada como vem acontecendo em algumas instituições”, enfatizou o ex-discente, que foi o primeiro presidente do Diretório Central dos Estudantes do IFS oriundo de um campus do interior.
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