Propondo exame de aptidão para políticos, aluno concorre ao Parlamento Jovem Brasileiro
Se selecionado, Enzo Luiz de Oliveira, do Campus Lagarto, representará Sergipe em Brasília e participará, durante uma semana, de uma jornada legislativa jovem na Câmara dos Deputados
Nem só de cálculos vivem os estudantes do Instituto Federal de Sergipe. Até porque o projeto de educação integral da instituição tem como eixo principal justamente abrir para os alunos o leque de debates possíveis, que vão desde assuntos tecnicistas a temas sociais. O mais recente exemplo disso é Enzo Luiz de Oliveira, discente do 3º ano do curso técnico integrado em Eletromecânica no Campus Lagarto, que está concorrendo a uma vaga no Parlamento Jovem Brasileiro (PJB) com a proposta de um projeto de lei que institua o Exame Nacional de Competência Política (ENCP).
O PJB é uma iniciativa da Câmara de Deputados que visa à promoção de um dos grandes pilares da formação cidadã: o princípio da democracia representativa. O estudante do Campus Lagarto é autor de um dos quatro projetos sergipanos pré-selecionados, os quais agora estão aguardando na expectativa de representar o estado em Brasília. A seleção final será feita por técnicos da Câmara, que levarão em consideração critérios como originalidade, justificativa, clareza e relevância da proposição. O prêmio do jovem deputado selecionado consistirá em uma viagem de uma semana à capital federal, com tudo custeado pela Câmara dos Deputados, onde se terá a experiência legislativa de discussão, defesa e contestação dos projetos selecionados, tudo muito semelhante ao processo legislativo real.
Em linhas gerais, a proposta de Enzo sugere que todos os postulantes a cargos eletivos no Brasil sejam submetidos a um exame que avalie seus conhecimentos a respeito do funcionamento administrativo do Estado. O discente, que sempre gostou de debater política, afirma que a ideia do projeto surgiu da inquietação ao perceber notável despreparo de muitos candidatos e o atual cenário de polarização política no país. "Por que, por exemplo, um advogado, para exercer a profissão, precisa passar pelo exame da OAB e um político, que vai lidar com a complexa estrutura da máquina pública, é dispensado de demonstrar tecnicamente capacidade para isso?", questiona retoricamente o estudante."Não estou dizendo que a assessoria dos políticos é dispensável, mas que eles devem dominar minimamente a gestão de áreas como a educação, a saúde, a economia, a segurança pública e a seguridade social", conclui o discente, esclarecendo que o exame seria constituído de duas fases e coordenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O professor de sociologia Sérgio Lima, que orientou Enzo na elaboração do projeto, destacou que a participação de estudantes de ensino médio em projetos como esse é de suma relevância para o desenvolvimento da capacidade técnica, do pensamento crítico e científico sobre os diversos fenômenos sociais. "No caso específico do PJB, a participação é ainda mais significativa porque insere o estudante num dos temas mais complexos, e infelizmente ainda de pouco interesse pela juventude, que é o campo da política. Espero que Enzo seja selecionado na última fase e que essa iniciativa estimule a participação de outros estudantes do campus nas próximas edições do programa", comenta o docente.
Foto da capa: Acervo Pessoal
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