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CONSCIENTIZAÇÃO

Semana de Afrocultura do Campus Estância fortalece a consciência negra

Escrito por CAROLE FERREIRA DA CRUZ | Publicado: Segunda, 09 de Dezembro de 2019, 12h31

AFROCULTURA 01Evento abordou temas como direitos humanos e racismo estrutural numa perspectiva multidisciplinar e usou a arte e a cultura como expressões emancipadoras

AFROCULTURA 02Conscientizar para ensinar, empoderar para transformar, valorizar para respeitar. Esses foram os princípios que nortearam a Semana de Afrocultura do Instituto Federal de Sergipe (IFS) – Campus Estância em alusão ao Dia da Consciência Negra. O evento, que acabou se estendendo até o início de dezembro, abordou temas como direitos humanos, racismo estrutural, igualdade racial e de gênero, violência contra a mulher negra e empoderamento feminino a partir de abordagens diversificadas e criativas numa perspectiva multidisciplinar. 

AFROCULTURA 06A culminância das comemorações ocorreu dia 20 de novembro e abrangeu o Café Literário Sob a forja de Ogum, em que o palestrante Ramon Fonseca discutiu a lei 11645 e o enfrentamento ao racismo nas escolas; a oficina de grafitagem com símbolos Adinkras ministrada pela professora Ariana Sales Moraes; e a Mine Mostra de Cinema Egbé, que exibiu os curtas-metragens Quero ir para Los Angeles (direção de Juh Balhego) e Menino Pássaro (direção de Diogo Leite) para as comunidades interna e do entorno do campus. 

Ao longo da programação também foram realizadas a oficina de História da Cultura Ashanti e os símbolos Adinkra, sob a condução de José Edwyn Silva Gomes, a roda de conversa sobre Práticas de (Re)Existência: Feminismos e Movimentos Negro, com Margarida Maria Oliveira Conceição, e a grafitagem do painel (Re)Existência Negra pelo artista estanciano André Barbosa Lima. O painel foi pintado na área da Secretaria Municipal da Juventude e Desporto (Sejude).

AFROCULTURA 03Os organizadores optaram por agregar às discussões fomentadas em palestras, mesas-redondas e rodas de conversas a arte e a cultura como expressões emancipadoras. Os espaços de convivência do campus foram ocupados por intervenções, apresentações culturais, cinema, exposição fotográfica, sarau literário, contação de histórias e oficinas de dança, de pintura facial tribal, de maquiagem para peles negras e de brincadeiras populares africanas. O ponto alto foi o pocket show com a banda de reggae Reação, que desenvolve projetos sociais em comidades pobres e escolas.

AFROCULTURA 05Integraram ainda a programação o Seminário Humanidades e Cidadania, o projeto Mulheres Negras na Literatura e o Cine Igualdade e Debate. A Semana de Afrocultura foi planejada por uma comissão organizadora, com a participação de servidores do quadro administrativo, estudantes e professores. O envolvimento e o comprometimento da equipe fortaleceram o evento, que superou as expectativas. “Fechamos a semana de forma contagiante. Vamos lapidar ainda mais essa parceria para aprimorar as próximas edições”, comemorou a professora Lorena Campello, que participou da organização.

“A semana foi primorosa e veio fortalecer a lei 10639, que propõe o ensino da história e da cultura afro nas escolas, e trazer para os alunos a importância da identidade racial e de gênero, da laicidade do estado e do respeito às diferenças socioculturais. Os palestrantes abordaram temas importantes, como racismo, feminismo e intolerância religiosa e apresentaram números que mostram a invisibilidade e a desigualdade do negro e a necessidade investir em ações afirmativas para garantir justiça e equidade”, ressaltou a bibliotecária e coordenadora do evento, Ingrid Fabiana de Jesus Silva.

 Conscientização

AFROCULTURA 07Para os estudantes, o evento oportunizou momentos de aprendizado, conscientização e integração. “Achei a Semana de Afrocultura muito legal e fiquei muito feliz pela oportunidade de participar desse evento, que foi de extrema importância. Achei as palestras muito interessantes, pois agregaram ao nosso conhecimento diversos temas como racismo e mitologia africana. Participei da oficina de maquiagem, onde fui escolhida como modelo e fiquei muito lisonjeada por isso”, afirmou Lilia Santos, 17 anos, do curso de Eletrotécnica e do grupo de poesia coletivo (Re)Existir.

AFROCULTURA 04Segundo Vitória Rodrigues Santos Pinheiro, 17 anos, do curso de Aquicultura, o conteúdo abordado contribuiu para reforçar a representatividade feminina, sobretudo das mulheres negras, no campo literário, no mercado de trabalho e na sociedade, e consciencizar sobre questão da violência. “É fundamental debater e esclarecer os alunos, por que nós mesmos podemos conviver todos os dias com pessoas que estejam passando por dificuldade ou até violência doméstica e o reconhecimento dos sintomas é primordial para atenuar o sofrimento das vítimas”, destacou.

Os recursos para financiar a Semana de Afrocultura foram provenientes do Edital Novembro Negro do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, seção Sergipe (Sinasefe/SE). O edital selecionou o projeto elaborado pelos servidores Lu Silva, técnica em audiovisual, e Tiago Barbosa da Silva, professor, que envolveram demais servidores e alunos na missão de promover reflexões qualificadas e criativas por meio da arte e da cultura.

 

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