Filhos e mães fortalecem laços no convívio do IFS
Relatos de egressas e servidora sobre a importância da instituição na formação humana e intelectual da família
Por: Andrêzza Castro, Carole Ferreira da Cruz e Monique de Sá
É comum no âmbito do Instituto Federal de Sergipe (IFS) ver irmãos, primos, pessoas de uma mesma família fazendo parte da instituição. Muitas vezes, eles dividem sala de aula e compartilham os conhecimentos adquiridos em seus cursos. Há ainda laços mais fortes de mães que estudaram na instituição ou fazem parte dela e hoje têm seus filhos como alunos da casa.
Em alusão ao Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, 08, a equipe de Comunicação do IFS ouviu histórias inspiradoras, de filhos e filhas que ingressaram na instituição, através do exemplo de dedicação e esforço de suas genitoras.
A história de superação de Maria Claudia Santos como inspiração para suas filhas
Muitos estudantes escolhem uma instituição de ensino para ingressar por incentivo dos amigos ou dos pais. No caso das discentes do Campus Glória, Gabriela Santos, 16, e Giovanna Santos, 18 anos, a escolha veio por inspiração de uma amiga muito especial, a própria mãe, Maria Claudia Santos, egressa do curso Técnico Integrado em Agropecuária. Claudia ingressou na instituição em 2017, após concluir o Ensino Fundamental pelo Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), pois não teve oportunidade de estudar quando tinha a idade das filhas.
“Meu sonho era estudar. Quando vi a divulgação do Processo Seletivo do IFS, agarrei a oportunidade, mesmo pensando que era uma loucura uma mãe deixar três filhas em casa o dia todo. Quando me deparei com colegas de sala adolescentes, quase da idade de Gabriela e Giovanna, entrei em pânico. No início foi muito desafiador o convívio, mas a sala de aula melhorou muito a nossa relação. Convivendo com outros adolescentes, passei a entender mais um pouco a cabeça das minhas filhas em casa”, revela.
A jornada de Maria Claudia não foi fácil: equilibrar estudo, casa, educação das filhas e ainda lidar com a cara de espanto dos jovens e o preconceito de pessoas da sua idade no trajeto diário do povoado até o campus foi um grande desafio. “Muitas vezes eu ia dormir cansada de tudo e pensando se no outro dia, eu voltaria para o IFS, mas já acordava doida para ir porque eu tinha o mais importante: o apoio de todos os professores e, principalmente, das minhas filhas. Quando eu conquistava alguma coisa, elas vibravam, parecia que tinha sido elas”, brinca.
Seguindo os passos de Claudia, em fevereiro de 2020, Giovanna, a filha mais velha, ingressa como aluna do Campus Glória, no mesmo curso que a mãe estava concluindo: Técnico Integrado em Agropecuária. “Eu achava muito legal as coisas que minha mãe vivia no IFS, quando ela falava sobre as aulas práticas, as visitas técnicas, as viagens, os eventos… inclusive, eu fui em alguns e adorei. Minha escolha em estudar aqui teve muita influência dela por nos inspirar com toda sua dedicação”, conta.
Ela ainda completa que quando entrou, sua meta era viver pelo menos metade do que a mãe havia vivenciado enquanto aluna. “Infelizmente um mês depois começou a pandemia e só agora estou começando a vivenciar as atividades presenciais que tanto sonhei”.
Em março deste ano, o curso Técnico Integrado em Agropecuária ganhou mais uma discente, Gabriela, a segunda filha de Claudia. “Escolhi estudar no IFS por influência da minha mãe e da minha irmã. Estou amando! O ensino é muito legal, divertido, adoro o convívio com os meus colegas”, relata Gabriela.
A mãe vibra com as conquistas: “como eu demorei muito a começar a estudar por ter que trabalhar desde muito cedo, eu coloco isso como meta para elas, sempre digo que a educação é tudo, que se elas não buscarem uma formação nunca vão chegar a lugar algum”, afirma.
Giovana e Gabriela entendem o recado e tentam corresponder a cada dia. “O mínimo que a gente tem que fazer é se dedicar. Agora nós moramos na sede do município e não temos as mesmas responsabilidades que ela. Como ela nos deu a oportunidade de a gente só estudar, temos que fazer o esforço dela valer a pena”, reconhece Gabriela. Já Giovanna complementa: “eu me sinto inspirada pela minha mãe. Se um dia eu conseguir ser um pouco da aluna que ela foi, vai ser muito!”.
“Como mãe, a gente quer sempre o melhor para os filhos. Para mim o melhor ensino é o do IFS por causa da bagagem dos professores, do comprometimento com a educação. Quero que as minhas filhas tenham desde cedo o mesmo ensino de qualidade que eu só tive agora”, reforça Maria Claudia, que tem mais uma filha, a caçula Maria Helena Santos, de 13 anos, que está cursando o 8º ano e não vê a hora de ser a mais nova aluna do IFS da família.
Exemplo de casa: Mirela Assunção é professora das próprias filhas
Ingressar na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica sempre foi o sonho da professora do IFS – Campus São Cristóvão, Mirela Assunção, que acabou sendo realizado pelas filhas Maria Júlia, 15 anos, e Maria Joana, 16 anos. As irmãs cursam Aquicultura na modalidade integrada ao ensino médio e são alunas da própria mãe. A experiência, ao mesmo tempo motivadora e desafiadora, favorece a partilha de conhecimentos e a aproximação de interesses, mas exige habilidade para lidar com relações que se confundem no plano pessoal e profissional.
Mirela é só orgulho ao falar da conquista das meninas, que foram aprovadas nos dois últimos Processos Seletivos do IFS e garantiram vaga numa instituição referência em educação pública de qualidade. “Minhas filhas estão tendo a oportunidade de ter uma formação intelectual e humana diferenciada, de conviver com um ambiente de diversidade e inclusão, de amadurecer e construir as bases para decidir que área cursar na universidade. Estou realizando meu sonho por meio delas”, comemorou.
Embora reconheça que nem sempre é fácil lidar simultaneamente com o papel de mãe e professora, ainda mais numa fase complexa como a adolescência, Mirela se considera privilegiada por poder passar mais tempo com as filhas, acompanhar de perto o desenvolvimento escolar e aprender com todo esse processo. A caçula, Maria Júlia, partilha da mesma opinião. “É maravilhoso estar partilhando de novos aprendizados dentro do ambiente tanto de trabalho como escolar. É muito bom estar a maior parte do dia no mesmo ambiente que a minha família”, relatou.
Maria Joana está adorando estreitar a convivência com a mãe e ter a oportunidade de aprender na prática com as atividades laboratoriais que o curso técnico oferece. “Estudar com minha mãe está sendo muito bom. Gosto muito de passar mais tempo com ela fora do colégio e estar com ela em sala de aula também é maravilhoso. O IFS representa uma oportunidade de estudar em um colégio federal e se abrir para mais oportunidades, por exemplo o curso técnico, e ter aulas práticas”, avaliou.
Família Morato: o IFS como impulsor de objetivos
A história de Rosinadja Morato tem início junto ao IFS na década de 90, quando era estudante do curso em Economia Doméstica, na antiga Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão. À época, a jovem Rosinadja, também conhecida como Rosi, era envolvida em diversas atividades da instituição: desde líder de turma e monitora a bolsista com atuação na informatização da Escola. Passados 30 anos, hoje ela é servidora pública federal, mas, sem dúvidas, seu principal papel desempenhado é o de mãe!
Rosi é inspiração para seus filhos: Sophia Morato, 22 anos; Luiz Fernando Morato e Luiz Felipe Morato, ambos de 19 anos; e Catarina Morato, 9 anos. Os três mais velhos, assim como sua genitora, fizeram parte da Rede Federal – estimulados por Rosi, que sempre viu na educação um passaporte para o sucesso e para a felicidade. Ela conta que desde a tenra idade sempre amou estudar, acessar o conhecimento, por isso sempre incutiu esses princípios em sua prole.
“Eu sou uma eterna apaixonada pelo IFS. Foram três anos de minha vida de grande enriquecimento individual. A convivência com as realidades diferentes… A experiência de aprender a fazer fazendo. São memórias que sempre estarão presentes”, ressalta Rosi. E foi pelo orgulho de pertencimento à instituição que ela fez questão que seus filhos passassem pela mesma experiência.
A egressa detalha que no início houve uma certa resistência de seus filhos para entrar no Instituto. “Eram alunos de escola privada e achavam que não se adaptariam. No entanto, eles perceberam que as experiências adquiridas numa instituição como o IFS estão muito além do aprendizado intelectual. É uma verdadeira escola de vida! Uma preparação para um mundo de possibilidades. Hoje eles reconhecem o salto de maturidade que adquiriram lá e isso me deixa muito feliz”.
De origem humilde de uma família com 15 irmãos, com um pai agricultor e uma mãe costureira, Rosi vê na educação uma forma de abrir portas para o conhecimento, por isso sempre buscou inserir seus filhos neste contexto, como a forma mais segura de acessar um futuro estável e promissor. “Desde cedo nós (eu e meu marido) os incentivamos a buscar conhecimento por conta própria e seguir seus objetivos. Tudo que conquistamos nos foi concedido através do conhecimento que adquirimos a partir da educação. Somos gratos”, diz a ex-aluna da instituição.
E as sementes plantadas por Rosi estão por ai, gerando frutos e percorrendo mundo afora. Afinal, a mais velha, Sophia, formou-se no curso técnico em Edificações pelo Campus Aracaju e verticalizou o curso fazendo graduação em Engenharia Civil na Universidade do Algarve, em Portugal. Hoje ela atua na área, em uma empresa com sede em Madrid, na Espanha. Já Luiz Fernando concluiu o curso técnico em Informática pelo IFS e por colecionar um significativo número de medalhas em olimpíadas do conhecimento, entrou com passaporte olímpico em Engenharia da Computação, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2021.
Luiz Felipe formou-se no técnico em Edificações e atualmente é estudante de graduação do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E se depender da mãezona a caçula, Catarina, também ingressará na Rede federal, assim que for para o ensino médio. Segundo Rosi, a adolescente de 14 anos ainda não decidiu se irá para o IFS ou fará o curso técnico de WebDesign ofertado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
“Como mãe, o maior presente é eles estarem crescendo com disposição para seguir em frente, aproveitando as oportunidades e o nosso apoio, adquirindo conhecimento e galgando seus espaços a partir dos próprios esforços. Desejo, acima de tudo, que sejam muito felizes e que tenham orgulho de sua própria trajetória”, finaliza Rosi.
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