Programa vai auxiliar na qualificação de trabalhadoras domésticas
Em Sergipe o IFS vai ofertar vagas para 12 turmas em diversos municípios
No Brasil, o trabalho doméstico é a ocupação de 5,8 milhões de pessoas, sendo 92% delas mulheres e 61,5% mulheres negras. Trata-se da categoria que mais emprega mulheres no país, principalmente mulheres negras com baixa escolaridade e oriundas de famílias de baixa renda. Além disso, as trabalhadoras domésticas formam o maior grupamento dentro da força de trabalho de cuidado remunerado no Brasil, respondendo por cerca de um quarto do total de profissionais do setor.
“Apesar da importância da profissão na provisão de cuidados para as famílias brasileiras, a realidade dessas trabalhadoras ainda é marcada por precarização, má remuneração e desproteção social, trabalhista e previdenciária”, analisou Laís Abramo, secretária nacional da Política de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
Para mudar essa realidade, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) responsável por criar a Política e o Plano Nacional de Cuidados firmaram um Protocolo de Intenções para a realização do projeto de qualificação profissional dessas mulheres e para o fortalecimento da categoria, batizado de "Mulheres Mil: Trabalho Doméstico e Cuidados".
O lançamento do projeto será nesta terça-feira (30), às 15h, no auditório do MDS. O Governo Federal vai oferecer 900 vagas em cursos de qualificação profissional voltados para trabalhadoras domésticas nos estados da Bahia, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe, dentro do escopo do Programa Mulheres Mil e da Bolsa-Formação do Pronatec. Esta modalidade de assistência estudantil é ofertada para auxílio transporte e alimentação, sendo custeada diretamente pela instituição ofertante.
Em Sergipe são oito turmas para o curso de ‘Cuidador de Idosos’, nos municípios de Aracaju, Areia Branca, Itabaianinha, Riachão do Dantas e São Domingos e, mais uma de ‘Cuidador Infantil’, no município de Areia Branca, que abrange a categoria das trabalhadoras domésticas. Ainda no estado serão ofertadas vagas para os cursos de ‘Manicure’, em São Domingos e ‘Agricultor Orgânico’, em Nossa Senhora do Socorro e em São Cristóvão.
As educandas do projeto poderão participar de uma construção coletiva de projeto pedagógico a partir da identificação de saberes prévios acerca de um determinado conteúdo, do mapeamento de suas relações com a educação, com o mundo do trabalho e com espaços de organização política, além do mapeamento de suas condições de acesso a políticas públicas de transferência de renda, de saúde, de educação, de moradia, entre outras.
Programa Mulheres Mil
A iniciativa, relançada por meio da Portaria nº 725, de 13 de abril de 2023, tem como objetivo contribuir para a igualdade social, econômica, racial, étnica e de gênero de mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica a partir do envolvimento da Rede de Educação Profissional, Científica e Tecnológica nos contextos urbanos, rurais, comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas do país.
De acordo com a reitora Ruth Sales Gama de Andrade, o Programa Mulheres Mil visa o empoderamento feminino, através dos ensinamentos nos cursos, apresentando uma metodologia específica, a Metodologia de Acesso Permanência e Êxito - MAPE. “Este respeita a qualificação das mulheres e inclui aquelas com baixa escolaridade ou sem escolaridade, ouvindo seus conhecimentos e até os ampliando. Desta forma, propõe uma mudança de vida, trabalhando desde a auto estima até conhecimentos específicos que permitam gerar renda. Para isso, a instituição se aproxima das mulheres das comunidades, ouvindo e buscando entender e atender as necessidades básicas, como: saúde da mulher, saúde bucal, oficinas, políticas do IFS. Além disso, há a preocupação em executar o programa visando os objetivos de desenvolvimento social (ODS), por acreditar que desta forma e com parcerias poderemos transformar vidas”, explicou a reitora.
O Programa busca prioritariamente atender mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica, em contexto de pobreza e extrema pobreza, baixo grau ou nenhuma escolarização, responsáveis pelos cuidados de pessoas e domésticos e vítimas de violência, observando as desigualdades interseccionais de classe, gênero, raça, etnia, orientação sexual, curso de vida, território e deficiência.
O objetivo é viabilizar o acesso à formação profissional e cidadã, reconhecendo saberes ao longo da vida, elevando a escolaridade, promovendo a inserção produtiva e a mobilidade no mundo do trabalho. “Para tanto, nós do Instituto Federal de Sergipe, mantemos o diálogo constante com mulheres em situação de vulnerabilidade, mulheres que sofreram violência doméstica, mulheres de rua, mulheres de acampamento, assentadas, quilombolas, Indígenas, Trans, empregadas domésticas e marisqueiras para reduzirmos a invisibilidade, e garantir suas sobrevivência e liberdade”, finalizou Ruth Sales.
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