Curso de Recursos Pesqueiros busca profissionalizar atividade na região Sul
Implantado em 2012 no Instituto Federal de Sergipe (IFS) – Campus Estância, o curso Técnico em Recursos Pesqueiros nasceu com o objetivo de formar mão de obra especializada para atender a região Sul, uma das grandes produtoras de pescado no estado. O profissional dessa área acompanha toda a cadeia produtiva de produção de peixes e de outros animais aquáticos em cativeiro, que engloba os processos de cultivo, industrialização, comercialização e distribuição dos produtos para o mercado e as áreas de planejamento, gestão, controle da qualidade e beneficiamento.
O curso funciona na modalidade subsequente (para o aluno que já concluiu o ensino médio), tem duração de dois anos e é indicado para pessoas que apreciam o trabalho ao ar livre e o contato com os animais; têm espírito empreendedor e criatividade; demonstram boa capacidade de relacionamento e comunicação; possuem interesse pelo estudo das relações entre a fauna e o meio ambiente; além de apresentarem habilidade para lidar com máquinas e equipamentos.
Além de acompanhar toda a cadeia produtiva de produção que envolve as atividades pesqueiras e de aquicultura, esse profissional cuida das etapas do manuseio, da reprodução e da nutrição de peixes ornamentais, jacarés, rãs e camarões; elabora estudos que controlam a pesca responsável, determinando épocas de repouso para a reprodução dos peixes; localiza cardumes, fazendo o controle migratório; e emprega conhecimentos de tecnologia pesqueira para gerenciar e explorar o potencial das unidades de criação em tanques, açudes e lagoas, de modo a gerar maior aproveitamento e lucratividade ao negócio.
Outro segmento de atuação do técnico em recursos pesqueiros é a realização de pesquisas sobre preservação ambiental que ajudem a reduzir o impacto da prática pesqueira no ecossistema. O Técnico em Recursos Pesqueiros também auxilia na condução de embarcação a áreas de pesca, realizando operações de embarque e desembarque, executa procedimentos de armação, controle e monitoramento de efluentes, acompanha obras de construções e instalações voltadas para aquicultura e atua na produção, gestão e planejamento dos segmentos da tecnologia do pescado.
Segundo o professor e Engenheiro de Pesca Robson Silva de Lima, apesar de a região Sul possuir grande quantidade de pescadores artesanais e de rios (Piauí e Real), estuários e praias, que podem ser aproveitados para o cultivo de organismos aquáticos, é muito precária em relação à tecnologia, conhecimento e experiência na área, tanto na própria extração quanto no cultivo. “A formação técnica em Recursos Pesqueiros possui a grandeza de importância, pois esse profissional será o responsável por tentar fazer a região se desenvolver, através de seus projetos de extensão e de prestação de serviços”, explica.
Potencial da região
O professor Robson de Lima lembra que aregião Sul tem uma forte tradição na área de pesca: são 26 comunidades pesqueiras, sendo 12 em Estância, seis em Santa Luzia do Itanhy e oito em Indiaroba, além de inúmeras organizações sociais de pescadores, que se dedicam também à piscicultura e à carcinicultura. Levantamento realizado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise) indicou que nas bacias dos Rios Piauí e Real existem 14 empreendimentos de cultivo do camarão já instalados numa área alagada de 100 hectares. No entanto, há nessas bacias 5.000 hectares de áreas potenciais para o desenvolvimento da aquicultura.
Para Robson de Lima, embora sejam baixos os investimentos feitos na atividade pesqueira, há na região uma necessidade crescente de mão de obra especializada demandada pelas comunidades pesqueiras, produtores locais, empresas prestadoras de serviços e autônomos. Por conta disso, a oferta do Curso Técnico em Recursos Pesqueiros é oportuna para contribuir com a formação de profissionais qualificados para atuar nos processos de produção e na gestão da pesca e da aquicultura, ainda insipiente no estado, e para a inclusão social dos pescadores artesanais.
Perspectiva de futuro
A sinalização de investimentos na região Sul abre novas perspectivas para os técnicos formados pelo IFS. O professor informa que a Prefeitura de Estância tem planos de tornar a cidade um polo produtor de pescado e pretende utilizar uma área da escola agrícola para a criação de um laboratório de larvicultura de peixes; e que a Universidade Federal de Sergipe (UFS) está realizando trabalhos voltados para a regularização dos piscicultores, o que irá ampliar a demanda de técnicos qualificados para aumentar a produção de psicultura.
Outra notícia promissora é que o Ministério da Pesca e Aquicultura está trabalhando na implantação de Parques Aquícolas Marinhos em vários municípios brasileiros – incluindo Estância - com o objetivo de aprimorar o gerenciamento da maricultura e promover a melhor localização das fazendas marinhas, com a elaboração de uma detalhada caracterização socioambiental do local. Serão contemplados inicialmente os estados de Santa Catarina, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Paraná, Pará e Sergipe.
Os estudantes que acabaram de concluir o curso estão otimistas quanto às perspectivas de mercado, como revela o egresso Magno Melo. “Com a chegada do parque aquícola teremos mais oportunidades profissionais. A tendência é o curso crescer e o mercado se profissionalizar. Temos excelentes professores, a maioria com mestrado ou doutorado, e a estrutura do campus melhorou bastante”, comemorou.
Essa mesma opinião é partilhada por Thaysa Rocha e Nívea Carvalho, que também são egressas do curso. “Estância e os municípios da região Sul têm um potencial imenso para a carcinicultura, a aquicultura e a pesca. Estamos saindo do IFS muito bem preparados e acreditamos que poderemos ser aproveitados tanto aqui como em outros estados, onde nossa área está bem mais desenvolvida. Tenho interesse em me especializar na malacocultura, que é o cultivo de ostras, lulas e crustáceos em geral”, afirmou Thaysa Rocha.
Os profissionais com formação técnica em Recursos Pesqueiros podem atuar em diversas atividades, tais como: instituições públicas e privadas do setor aquícola; empresas de cultivo e beneficiamento de pescado; laboratórios de reprodução, larvicultura e engorda; laboratório de análise da qualidade do pescado e de forma autônoma.
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