Pela primeira vez, uma mulher é eleita reitora em Sergipe
Ruth Sales Gama de Andrade assumiu o cargo máximo do Instituto Federal de Sergipe para o quadriênio 2018-2022
O dia 30 de outubro de 2018 ficou para a história no Instituto Federal de Sergipe (IFS). Após mais de 100 anos, uma mulher assumiu pela primeira vez o cargo de gestora máxima da instituição. Ela foi empossada pelo ministro da Educação, Rossieli Soares, em cerimônia realizada em Brasília (DF). Nesta entrevista, Ruth Sales Gama de Andrade ressalta a importância simbólica de sua vitória para as mulheres e enfatiza o trabalho de humanização como prioridade na sua gestão, bem como a importância na sua vida dessa instituição que oferece o maior leque de cursos profissionalizantes de Sergipe.
A senhora já foi aluna do IFS. Conte um pouco da sua história dentro da instituição.
Fui aluna da Escola Técnica Federal de Sergipe, através do curso de Técnico em Química. Foi essa instituição que despertou em mim o interesse pela área, fazendo com que eu realizasse minha graduação, o mestrado e o doutorado em Química. Ingressei como docente na instituição no ano de 1996, onde me dediquei sempre ao ensino, ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e projetos de extensão, a exemplo do projeto social Mulheres Mil de Sergipe, escrito, defendido e submetido por nós para avaliação de uma chamada pública do Canadá, intermediado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC). Nos últimos oito anos, atuei como pró-reitora de Pesquisa e Extensão.
Qual a importância de ser a primeira mulher eleita reitora em Sergipe?
É de grande importância para mim, pois é um cargo de muita responsabilidade. Além disso, eu sempre busquei honrar as mulheres que, apesar de serem a grande maioria na sociedade, não tem a representatividade adequada. Reafirmo, tenho consciência da responsabilidade assumida e quero contar com a colaboração de todos, pois acredito que com o diálogo e os diferentes pensamentos e ideias construiremos um instituto melhor. As pessoas precisam se somar e se sentirem pertencentes à instituição. Eu continuarei dando o melhor de mim e que essa vontade possa contagiar muitos, sensibilizando a todos os alunos, professores, técnicos administrativos e à comunidade da importância da sua colaboração.
Humanização é a sua palavra-chave. Como a senhora pretende trabalhar esse aspecto nas pessoas?
O objetivo é trabalhar a inteligência emocional nas pessoas, uma vez que, antes de sermos profissionais, somos seres humanos. Já iniciamos um diálogo com colegas de algumas áreas com o objetivo de identificar a satisfação e a afinidade dos servidores com as suas funções nos setores respectivos. A meta é atender, dentro do possível, no que se refere à permuta de local de trabalho e de atribuições. Cabe a nós a preocupação com o outro, entendendo que se estamos bem, consequentemente produziremos mais e melhor. Quero fazer uma gestão de respeito e de construção. A prioridade, de fato, é o ser humano.
Além da humanização, quais serão as principais ações no plano administrativo?
São muitos os desafios, mas dentro do nosso plano de gestão podemos destacar: o atingimento da excelência no ensino, pesquisa e extensão no âmbito regional e nacional em todos os níveis e modalidades de ensino; a ampliação da produção literária e científica; a consolidação e ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação; a construção de um projeto coletivo com protagonismo de todos os segmentos e respeito a institucionalidade do IFS; o cumprimento dos termos de acordos de metas do Ministério da Educação; e a abertura de cursos dentro da matriz orçamentária própria.
De quantos campi é formado o Instituto e qual a sua composição atual?
O IFS tem um total de nove campi distribuídos entre os municípios de Aracaju, Estância, Itabaiana, Lagarto, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora do Socorro, Propriá, São Cristóvão e Tobias Barreto. Com mais de cinco mil alunos e cerca de 1.300 servidores, o instituto ofereceu em seu último processo seletivo cursos técnicos integrados ao ensino médio, cursos técnicos subsequentes e cursos de graduação distribuídos nos campi em todo o estado.
Como o Ministério da Educação (MEC) avalia os indicadores de qualidade da instituição?
Segundo o MEC, em dezembro de 2017, o Índice Geral de Cursos (IGC) – indicador de qualidade relativo aos cursos de nível superior de instituições brasileiras – o IFS está entre as dez melhores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e alcançou o primeiro lugar entre as instituições de mesma natureza localizadas no Norte e Nordeste. Em julho de 2018, o jornal Folha de São Paulo divulgou uma lista do desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) referente ao ano de 2017 das escolas públicas e privadas de todo o Brasil. No levantamento, o IFS ocupa, entre as organizações públicas de educação sergipanas, o primeiro, o terceiro e o quarto lugar com os campi Aracaju, Lagarto e Glória, respectivamente.
*Entrevista publicada na edição de 2 a 5 de novembro do Jornal da Cidade
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