"Nosso maior desafio é o aperfeiçoamento institucional", diz presidente do Conif
Em 2018, celebra-se a primeira década da criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Para relembrar a história dessa instituição que engloba os Institutos Federais (entre eles, o IFS) e instituições afins, trouxemos uma entrevista com Roberto Gil, reitor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), que assumiu a presidência do Conselho Nacional das Instituições de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) justamente nesse período marcante para a Rede. Com 23 anos de carreira no IFTM, das quais seis como reitor, ele descreve um pouco da trajetória e marcos da Rede.
O que é a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica?
É um conjunto de instituições que atuam de maneira integrada com o objetivo de oportunizar e impulsionar o acesso à educação profissional, científica e tecnológica. Essas instituições estão diretamente imersas nos arranjos produtivos locais e exercem papel estratégico na sociedade, pois promovem a pesquisa, a inovação tecnológica de produtos e processos, a transferência de tecnologias, a inclusão, o relacionamento com a comunidade e, por meio da internacionalização, cooperam com diversos países.
Na sua análise, como pode ser avaliada esta primeira década da rede?
Foi uma década decisiva, de desafios, adequações e desenvolvimento. Há 10 anos, as instituições ganharam uma configuração ousada e inovadora que passou a ser referência para o mundo. Isso não se constrói da noite para o dia. Mas, dando um passo de cada vez, o Brasil implementou um modelo de educação profissional e tecnológica que atraiu o mundo. O trabalho tem sido árduo e os resultados apenas comprovam que estamos no caminho certo. Não à toa a Rede Federal foi destaque em importantes indicadores de qualidade como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Em números, as 41 instituições da Rede Federal chegam a 2018 com 643 unidades, mais de um milhão de matrículas, cerca de 80 mil servidores e mais de 20 mil projetos de pesquisa e extensão. Isso demonstra que a Rede Federal registra números positivos, mas, principalmente, possui qualidade. Sob a perspectiva da gestão, iniciamos um programa de mestrado em rede, o ProfEPT (Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica); participamos do processo de concepção do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para os docentes; acompanhamos todas as etapas para a implementação da progressão funcional por titulação e desempenho acadêmico; demos um grande salto nas Relações Internacionais; conseguimos aumentar o número de unidades, alcançando mais estudantes, e chegamos ao total de nove polos de inovação.
Há uma programação específica voltada para a celebração dos 10 anos da instituição? Se sim, o que está contida nela?
Em conjunto com as instituições da Rede, o Conif promove e incentiva uma série de ações para comemorar os dez anos dos institutos federais. O objetivo é celebrar essa primeira década de desafios e conquistas ao lado das pessoas que apoiam e fazem parte dessa trajetória – estudantes, servidores, comunidade, imprensa e autoridades.
Quais são os principais desafios da Rede no momento?
De uns anos para cá, a redução do orçamento, a recomposição do banco de servidores e a consolidação da estrutura física das unidades (laboratórios, ginásios, bibliotecas...) passaram a ser temas sensíveis, já que o funcionamento das instituições está diretamente ligado a esses aspectos. Para além disso, positivamente falando, o nosso desafio diário, e grande diferencial da Rede, é a manutenção do nível de excelência das atividades institucionais, garantindo permanentemente que os estudantes tenham acesso à uma educação profissional e tecnológica diferenciada, de qualidade superior. Com isso, posso dizer que o nosso desafio mais prazeroso é o constante processo de aperfeiçoamento institucional.
E, ao seu ver, o que a Rede Federal ainda tem a conquistar?
Mais uma vez, um orçamento adequado. Também a contratação de professores e técnico-administrativos, novas políticas de valorização dos servidores, incluindo a concessão do RSC para técnico-administrativos e um programa de mobilidade nacional que contemple estudantes e servidores. A execução de grandes projetos em parceria com outros países também faz parte das nossas prioridades, justamente para que os nossos estudantes levem a Rede Federal para o exterior e tragam novos conhecimentos para o Brasil.
Entrevista publicada originalmente no quadro "No Sofá Com" da edição de abril do jornal A Prévia
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