Professores e técnicos administrativos enfrentam os desafios do ensino
A convite da direção geral, direção de ensino e comissão organizadora, o evento abriu as atividades do ano letivo, reuniu professores, gestores e técnicos administrativos (Taes) do campus Aracaju para reflexão sobre os desafios do processo formativo e suas práticas, com vistas a otimizar a aplicação dos conhecimentos adquiridos e provocar o gosto do aluno pelo conhecimento
A jornada pedagógica 2018.1 do campus Aracaju do Instituto Federal de Sergipe, realizada no dia 16 de janeiro, das 7h30 às 15h, no auditório do Tribunal Regional do Trabalho - 20ª Região, constituiu-se numa das estratégias da instituição em reunir seu quadro funcional com objetivo de inspirar docentes e técnicos administrativos em educação (Taes) do campus Aracaju a refletirem, por meio de conferências, palestras e mesas redondas sobre as práticas educacionais e os desafios da comunidade acadêmica na configuração atual Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Para além dos objetivos que envolveram as questões específicas da educação profissional, o evento levantou temas que provocaram perguntas no público presente, como a que permeou a primeira palestra, as duas mesas redondas e a conferência de encerramento. Conhecemos a nós mesmos, antes de desejarmos conhecer nossos alunos?
Nesta edição, a comissão organizadora do evento foi formada pela assessoria pedagógica do campus Aracaju (Asped), que presidida pela pedagoga mestre Dayse Vespasiano de Assis, elegeu alguns temas a fim de privilegiar a formação docente em interface com diversos campos do conhecimento, aprofundar reflexões sobre o papel e função social dos Institutos Federais, numa dimensão da educação profissional no contexto do sistema educacional brasileiro, compreensão sobre o perfil do estudante, atendimento aos alunos com necessidades específicas e sobre os sentidos dados à aprendizagem.
Programação
A palestra de abertura da jornada pedagógica foi proferida pelo professor doutor Antônio Vital Menezes de Souza, da Universidade Federal de Sergipe, que discorreu o tema As contribuições do método autobiográfico para a formação docente interdisciplinar. Na sequência, a mesa redonda Desafios da docência: compreendendo a função social dos Institutos Federais teve como expositores o professor mestre Luiz Alberto Cardoso dos Santos, a professora doutora Luciana Bitencourt Oliveira e o professor mestre Elber Ribeiro Gama, do campus Aracaju (IFS) que apresentaram reflexões sobre o tripé ensino, pesquisa e extensão e a função social da escola.
Na segunda mesa redonda, a compreensão sobre o perfil do estudante teve como provocadoras a assistente social mestre Ingredi Palmieri, a psicóloga mestre Karen Gomes Leite e a pedagoga especialista Vera Maria Trindade Freitas, que abordaram a assistência estudantil, o atendimento aos discentes com necessidades específicas e questões sobre adolescência.
O encerramento do evento teve como convidado o professor doutor Bernard Charlot, professor visitante da Universidade Federal de Sergipe, que proferiu a conferência A equação pedagógica fundamental: aprender = atividade intelectual + sentido + prazer.
O evento teve como destaque a interface entre os desafios da docência na produção de estratégias formativas a partir do amadurecimento sobre a compreensão da função social dos Institutos Federais, da condição humana dos professores, com vistas às suas práticas pedagógicas, bem como a necessidade de problematizar no processo de ensino, sua análise sobre as singularidades do sujeito no caminho da aprendizagem.
Abertura
O Hino Nacional, tocado pelo secretário executivo da direção geral, Jessé Mendes dos Santos e cantado pelo colaborador Adryan Lima, abriu os trabalhos da Jornada Pedagógica, em sua edição 2018.1. No início dos pronunciamentos, a diretora de ensino, Thirzá Augusta falou da importância do momento de avaliação das ações, oportunidade de refletir sobre o trabalho docente, o papel do ensino profissional. Declarou que o evento foi preparado com cuidado e zelo, a fim de que fosse satisfatório a todos e colocou a diretoria de ensino do campus Aracaju à disposição do corpo docente para contribuir com um semestre letivo exitoso.
Na fala da presidente da comissão organizadora do evento, pedagoga Dayse Vespasiano de Assis, ela declarou: em nome da comissão organizadora, convido vocês a refletir sobre nossas práticas pedagógicas no Instituto Federal de Sergipe, por meio das mesas redondas, palestras e conferência. Sejam bem vindos”.
A Pró-reitora de ensino, professora doutora Ruth Sales destacou que “o aprender é sempre um momento de alegria, fortalecendo nossos conhecimentos, promovendo a troca do conhecimento e de nossas ideias. Então, este momento, em todos os campi, em todos os lugares, é de suma importância, porque cada um de nós é o que sabe. A sabedoria é uma ferramenta importante na formação de cada um de nós. A cada dia que vivemos, devemos agradecer a Deus e aproveitar a oportunidade do aprendizado. Esta jornada que já vem a cada ano se repetindo, a cada início das aulas, onde aprendemos com os erros,trocamos os conhecimentos com nossos colegas, com os alunos. Entendemos que na vida se aprende com os acertos e os erros. É dever de cada um de nós, ser um ser melhor; melhor em sala de aula, melhor com os colegas e no dia a dia, melhor nas relações. Que cada momento de encontro as virtudes das quais falamos sejam consolidadas e entendamos que são importantes na formação do ser humano. Que tenhamos um dia de aprendizado, felicidade e paz nesta fase que se inicia”, finalizou a pró-reitora Ruth Sales.
No discurso do Diretor geral do campus Aracaju, professor mestre Elber Ribeiro Gama declarou que a humildade e a responsabilidade da construção contínua não perde de vista o compromisso com a formação do outro, porque é nesta direção que caminha a função social da escola e, portanto, dos Institutos Federais. Para o diretor geral do campus Aracaju, a formação profissional e tecnológica que deve pautar o interesse institucional, não pode se desvincular de seu pertencimento à condição humana.
Professor Elber enfatizou que “organizar um evento como este é, sem dúvida alguma, um desafio, sobretudo, pela missão que o evento traz: suscitar dúvidas, reflexões, sobretudo, em nossa práxis pedagógica, a fim de conceber o outro com o razão de ser daquilo que fazemos. Por isso, trazemos como tema central da Jornada pedagógica, os desafios da docência. Um evento como este não pode ser organizado individualmente. Quero agradecer de público a todos que contribuíram, direta ou indiretamente para a realização. A escolha dos temas refletidos na jornada pedagógica emanam necessariamente de sugestões que temos levantado ao longo das jornadas pedagógicas anteriores. Temos a satisfação de termos duas palestras, com o professor Antônio Menezes, o professor Bernard Charlot, as mesas de discussão que abordam o desafio da docência, tanto no âmbito do ensino, pesquisa e extensão e da função social da escola, quanto no âmbito da assistência estudantil e suas diversas nuances”, finalizou o professor Elber Gama, na abertura do evento, além de agradecer a todos que trabalharam para a realização do evento.
Palestras, mesas redondas e conferência de encerramento
Na palestra do professor doutor Antônio Vital Menezes de Souza, da Universidade Federal de Sergipe, que abordou a temática Contribuições do método autobiográfico para a formação docente interdisciplinar, o palestrante destacou que antes de ser professor, o docente deve se enxergar como pessoa, que pertence a um grupo social, formado por família, amigos, com intuito de inserir a condição humana e social no seu processo formativo. Assim, poderá problematizar seu pertencimento de mundo e amadurecer aspectos da epistemologia do conhecimento e sua prática docente. A atividade foi coordenada pelo professor doutor José Wellington Carvalho Vilar.
“ Esta temática foi sugerida dentro de um contexto que explicita bastante a minha trajetória, tanto pessoal quanto profissional. O que vamos fazer aqui hoje é discutir elementos que favoreçam dentro de um processo de desenvolvimento profissional de professores que nos auxilie na compreensão das dinâmicas sociais e nos permita entender a relevância de exercer a docência na contemporaneidade. O primeiro eixo diz respeito à formação interdisciplinar e como recorte a contribuição do método autobiográfico para a formação do professor numa abordagem interdisciplinar, enfatizou o professor Antônio Vital.
Sobre como se conhecer pessoa para se tornar um bom professor, ele considerou que “grande parte da nossa estrutura profissional e pessoal, como professores e professoras, emerge num contexto histórico bastante delimitado. Nesta temática aqui abordada, o que vou falar é baseado na minha experiência profissional da docência que se constitui em 20 anos de sala de aula. Parto do pressuposto de que a formação profissional não se dissocia da vida pessoal, da formação pessoal dos sujeitos”. Para o professor, no processo de formação docente, esse desafio acompanha a prática em sala de aula, independente da formação específica, independente da disciplina a ensinar, do campo de conhecimento.
O método autobiográfico permite, na perspectiva do professor Antônio, o reconhecimento da própria trajetória, o que auxilia no desafio de compreender e problematizar na prática docente, o processo formativo do aluno e, por conseguinte, auxilia nas perguntas e respostas com as quais o docente se depara para se constituir um professor.
Na formação do professor Antônio, ele procurou entender, por meio de vários campos do conhecimento, como a Pedagogia, a Psicologia e a Filosofia, como entender a subjetividade humana. Por meio da autoexposição, o palestrante teve o objetivo de provocar nos docentes da jornada pedagógica o interesse pelo método autobiográfico para refletirem sobre sua prática em sala de aula. “Foi interessante descobrir que independentemente do processo acadêmico existia uma pessoa e essa pessoa se apresentava em um contexto em que a ideia de sofrimento profissional estava cada vez mais evidente”. Como as relações sociais se imbricam na construção dessa pessoa”. “Que tipo de pessoa se desenha nesse trajeto da exposição e da autoexposição”, indagou o professor. O público participou com atenção do evento
Como os professores podem lidar com os desafios trazidos pela sociedade para sua constituição como professor. “ A busca por um sujeito integrado nas relações sociais, a busca por um sujeito que consiga entender minimamente as incompletudes da história do tempo presente. A gente se torna produto e filhos da nossa própria trajetória de vida. Não é à toa que o século XX foi o rebuliço destas questões”.
Problematizou os conceitos de Modernidade no contexto social da formação do Brasil e de seus sujeitos históricos, o conceito de método histórico partir da revisão histórica que teve na Escola de Annales, a partir da década de 1920, uma das tendências historiográficas críticas das terias e métodos históricos. O professor se encontra na confluência dessa contextualização histórica e, por tal razão, abordou na Jornada a problematização do tema.
A provocação de Antônio Souza mobilizou os professores e técnicos administrativos do campus Aracaju, a exemplo do professor de Química, Marcos Conceição Menezes que ao fazer sua reflexão, concordou que o professor deve considerar em sala de aula, as diferentes visões de mundo, pois, “ a sala de aula é uma espaço de conflito e o professor não deve se recusar a procurar entendê-lo no seu cotidiano. A minha experiência como professor de Ensino Médio, como ex-aluno da Universidade Federal de Sergipe e minha participação no Movimento Estudantil, bem como no Movimento Sindical, produziu em mim a pessoa e o agente social que sou. Não dá para pensarmos, por isso, que na sala de aula nossa trajetória de vida se desloca de nós como professores”, destacou Marcos Conceição.
O professor doutor Lício Valério chamou a atenção para o exercício autobiográfico como método histórico, porém, compreendeu a necessidade da compreensão do professor como sujeito produzido historicamente e importância dessa construção para sua prática docente. Este foi um dos pontos altos da abordagem trazida por Souza.
Karen Gomes Leite, psicóloga mestre que participou como assistente e expositora da mesa redonda que refletiu sobre o atendimento ao aluno na perspectiva de a escola compreender suas necessidades, indagou na palestra de Souza sobre o que é a instituição escolar e como ela deve se posicionar socialmente diante do aluno.
Mesa redonda
Desafios da docência: compreendendo a função social dos Institutos Federais
Ensino, pesquisa e extensão
A confluência do tema da Jornada Pedagógica, Os desafios da docência, esteve presente nos momentos distintos do evento e o objetivo de problematizar as interfaces dos desafios institucionais, seja do professor em sala de aula ou do técnicos administrativos em educação (TAES) percorreu o dia de discussões e reflexões sobre a importância da reflexão pedagógica das práticas escolares. Na mediação feita pelo professor mestre Marcílio Fabiano Goivinho, o tema da abordagem biográfica foi retomado pelos expositores.
Professor mestre Luiz Alberto Cardoso dos Diretrizes analisou as propostas de ensino do Instituto Federal em relação à sociedade. “Vou me reportar à Lei 11.892. Tem dois pontos que fala sobre relação da instituição escolar com a sociedade e o ensino, pesquisa e aprendizado. Antes de falar sobre essas duas vertentes, vou lembrar aqui da fala do professor Antônio Vital Souza. Vejamos estes dois banners que estão aqui atrás. Temos aqui professores de gerações distintas; alguns com mais tempo no Instituto Federal, outros mais jovens, recém ingressos e, dessa maneira, podemos ter mais de uma interpretação sobre as imagens dos banners. Um interpretação para os que se formaram há muito tempo, é”: - ‘professor, posso falar’? Na contextualização presente, a mesma figura pode significar: - ‘eu quero participar’.
“O professor Vital destacou que temos três categorias de pessoas: uma que vive no passado, outra que vive na perspectiva do futuro e outra que consegue contextualiza e viver o seu presente. Não dá para descontextualizar a relação entre o passado, presente e futuro. O professor Vital abordou que uma das estratégias de compreender o passado é a utilização da memória, porém, ela terá uma (re)significação no presente, a partir dos sujeitos que viveram efetivamente as experiências e de quem delas farão sua interpretação, a partir de outras trajetórias”, analisou o professor Luiz Alberto.
A (re) significação do passado é importante para aquilo que o professor passará para o aluno. Se vislumbramos as perspectivas indicadas nos chamados pós-modernistas, precisamos fazer a relação do ideal e do real. É preciso nos perguntarmos que é o aluno e nós como professores na realidade atual. Precisamos nos construir e reconstruir todo dia, porque a sociedade muda e precisamos acompanhar os movimentos feitos por ela para nos situar no contexto social”. Esta foi a tônica da fala de Luiz Alberto e ele retomou a pergunta da psicóloga Karen, quando ela perguntou que ambiente estamos a preparar para o aluno? Qual é a escola que apresentamos e construímos a ele? Que ambiente construímos ao aluno, em termos de conhecimento?
“É dessa perspectiva que tomo minha fala para falar sobre o tripé ensino, pesquisa e extensão, tão refletidos nas discussões do ensino universitário e, na atualidade, abordado por por nós nas conceituações mais recentes que damos ao ensino, em seus diversos níveis”. O que mudou no passado em relação ao conhecimento apresentado ao aluno é que, na análise do professor Luiz Alberto, há uma interação maior em sala de aula e, na atualidade, os sujeitos em sala de aula são provocados a saírem de sua zona de conforto, com vistas à produção do conhecimento e sua problematização.
Um dos pontos altos da fala de Luiz Alberto foi o momento em que ele destacou a necessidade de o professor interagir com os alunos, porém, não esquecer que as estratégias de aquisição do conhecimento profissional técnico e tecnológico, ou das outras áreas de ensino, devem ser planejadas pelo docente e ele será a mediação entre os campos do saber e o processo de aprendizagem do aluno.
A professora doutora Luciana Bitencourt lembrou que foi aluna no curso de Química no campus Aracaju e o que escolheu para falar do ensino, pesquisa e extensão faz parte do que aprendeu no Instituto Federal de Sergipe. Lembrou que as lições aprendidas foram mediadas pelos seus professores, como Antônio Wilson, Edvaldo Oliveira, Kennedy, Wellington Vilar e Ruth Sales, entre outros nomes que contribuíram para a sua formação.Ela lembrou o tempo que foi professora substituta, de hoje como professora efetiva e falou dos projetos de ensino e pesquisa desenvolvidos durante sua trajetória e, com isso responder à sociedade sobre qual o papel do IFS como instituição de formação profissional e tecnológica no seu contexto.
Nos projetos de PIBIC, destacou o apoio que os pesquisadores do Instituto Federal recebem da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no fomento à pesquisa e, da pró-reitoria de pesquisa e extensão do IFS (Propex), por meio de várias modalidades de editais e que participa sempre, de vários editais. A professora Luciana é lotada no campus Lagarto e, atualmente gerencia o ensino do campus Nossa Senhora de Socorro.
Projetos abordados: A avaliação da qualidade do ar em Socorro e a Avaliação da qualidade das águas em viveiros de camarão, no município de Nossa Senhora do Socorro, Análise das águas de poços artesianos em Lagarto, criação de Horto orgânico em Lagarto, avaliação do solo com plantação de fumo em Lagarto.
“Geralmente apresento os projetos em sala de aula para provocar curiosidade no aluno, pergunto quem quer trabalhar e, dessa forma, tenho alunos em diferentes modalidades de ensino, como Proeja, Técnico Integrado ao Ensino Médio, Subsequentes e cursos superiores. A fala da professora foi sobre como os projetos foram desenvolvidos. Em relação análise do ar em Nossa Senhora do Socorro, o foco foi investigar os problemas respiratórios que a comunidade contrai porque a região comporta o distrito industrial do município. Analisamos o ar, o solo, as árvores frutíferas, que são amargas.
“A gente analisa os metais, os elementos químicos, para saber o nível deles nos frutos, antes das fábricas funcionarem e agora depois que elas se instalaram na região e depois que houve fechamento de uma delas. Nossa metodologia de trabalho é assim: eu escrevo o projeto, mas os bolsistas e eu realizamos junto a coleta de material, fazemos a análise e escrevemos os relatórios juntos, produzimos artigos finais e levamos os resultados para a comunidade e instituições, como prefeitura, Agência nacional de vigilância Sanitária (Anvisa). Nós voltamos para comunidade que nos recebeu e nos abriu as portas e apresentamos os resultados das pesquisas numa linguagem mais simples e, com isso, firmamos compromisso de dizer a ela como é nosso trabalho e o que o IFS pode fazer por ela. Qual é nosso papel”, enfatizou a professora Luciana Bitencourt.
Ela relatou a metodologia de trabalho, nos projetos, os desafios enfrentados junto com os alunos, em cada um deles, até chegar a um ponto satisfatório no processo de coleta de material, manipulação dos elementos químicos para encontrar as taxas com alto ou mais teor e destacou que os alunos demonstram interesse e no processo da aprendizagem, eles têm obtido excelentes resultados por meio da prática da pesquisa. Em alguns exemplos, ela destacou a presença de alunos do curso de Eletromecânica do campus Lagarto que não apenas trabalhou na pesquisa, como a ajudou na utilização de torno mecânico, para a produção das pastilhas produzidas com elementos químicos retirados das folhas árvores.
O envolvimento dos alunos na pesquisa, desde o processo inicial com a escolha dos projetos apresentados, coleta de material, análise, produção de relatório e artigos com os resultados da pesquisa, demonstra o quanto é importante a relação dialógica no processo da aprendizagem e como é relevante mostrar à sociedade o ensino produzido no IFS.
Desafios da docência
O professor mestre Elber enfatizou em sua exposição a necessidade de se conceber a educação em seu sentido mais ampliado e se ter interesse pelas concepções da educação para a formação do homem e a educação escolar que trabalha com conhecimento mais específico, inseridas no contexto histórico. Para isso, o professor Elber que abordou a função social da escola, recorreu durante a exposição da Função social da escola, a relevância da escola ser apresentada ao aluno como uma instituição que possui um entorno, que está inserida na sociedade, sob vertentes diferenciadas e uma de suas missões é compreender esse fato, a fim de fazer bem o seu papel.
“ É preciso conceber a educação em seu sentido mais ampliado, sobretudo o papel e a função da escola como uma prática social que se consubstancia nas relações dos sujeitos entre si, tornando-se constituinte e constitutivo dessas próprias relações. É cíclico. Para falar da função social da escola numa perspectiva abrangente, delimitei minha fala em quatro grandes perspectivas: a histórica, porque todo saber é constituído historicamente, uma perspectiva constitucional, pois sempre temos algo que nos aponta como caminhar e que está constitucionalmente firmado; a perspectiva regulamentadora, e uma perspectiva institucional, no caso o nosso Instituto, que está ligado a uma perspectiva institucional e constitucional”.
Na abordagem histórica do processo educativo, o professor Elber citou nuances específicas de cada idade do mundo Ocidental. Na antiga, explicou que havia espontaneidade e interação no aprendizado, pois “não se via ali a mediação de uma instituição para a inculcação de saberes para aquela comunidade; integral porque se pressupunha que a comunidade receberia o que seria produzido. Ali seria um pensamento mais coletivo.
Antiguidade: “mudanças e surgimento de interesses distintos. A homogeneidade dá lugar e as relações passam a se dar por meio do poder exercido. As relações de poder serão estabelecidas de forma institucionalizada, como diria Michel Foucault. A partir daí, haverá a partição do saber entre organizadores e executores. Houve a partir daí princípios e processos educativos distintos para uma mesma sociedade. Isso está ligado também à formação da propriedade privada, das mudanças nas relações de poder e, as mudanças irão estabelecer, na Idade Moderna e Idade Contemporânea, cada vez, mais, estabelecimento de processo de aprendizagem a partir das ideias e pensamentos educacionais”.
O professor Elber problematizou dentro dos conflitos estabelecidos pelo poder, como a educação pode ser compreendida pelos professores e sinalizou para a necessidade da convergência entre a educação como condição humana e a educação escolar. Para ele, não se pode desvincular uma da outra, sob pena de se reproduzir uma processo de aprendizagem sem participação dos alunos, com relação de poder onde se produz a figura do dominador e do dominado.
Ao problematizar a função social do Instituto, Elber Gama colocou a instituição escolar dentro da sociedade, onde o processo cultural ali produzido se configura a partir das relações sociais estabelecidas economicamente, socialmente e culturalmente. Assim, ele destacou que a produção do conhecimento escolar deve ser travado na imbricação entre os valores sociais inculcados no individuo e o reconhecimento que o individuo pode ter dessa condição.
“As relações sociais que aprendemos em nossa trajetória de vida, deve estar presente em nossa condição de professor e educador, para que compreendamos nossa própria condição humana e a de nossos alunos. Isso ajuda no resultado do processo de aprendizagem”, finalizou o professor Elber Gama.
Mesa redonda
Desafios da docência: compreendendo o perfil do estudante, mediada pelo professor mestre Alysson Santos Barreto
A Assistente Social mestre Ingredi Palmieri discorreu sobre os programas sociais existentes na estrutura organizacional do IFS e de como esses programas podem auxiliar o aluno em diversos aspectos, como o Programa de acompanhamento ao estudante do Instituto (Praae). Ingredi explicou, em linhas gerais, o acompanhamento da Coordenadoria de Apoio ao Estudante, do campus Aracaju, ligada à Diretoria de assuntos estudantis (Diae).
“ A assistência estudantil não é apenas para atender os estudantes que apresentem alguma carência financeira ou vulnerabilidade socioeconômica e sim com outras necessidades. Dentro do acompanhamento ao estudante, por meio do Praae, nós temos alguns tipos de atendimento, bem como projetos que trouxemos para apresentar a fim de que vocês conheçam e também nos procurem para realização de parcerias. O atendimento está ligado a uma política de atendimento ao educando, regulamentada pela portaria n. 37, publicada em 2017, pela reitoria. Alguns projetos são. Os auxílios têm o objetivo de contribuir que o nosso aluno venha para o IFS e realize seu curso da melhor forma possível”, explicou Ingredi Palmieri.
A assistente social Ingredi Palmieri também explicou um pouco da estrutura do setor de assistência estudantil, que conta com assistentes sociais, pedagogas e psicólogas, a fim de que o trabalho dirigido à assistência social tenha amplitude satisfatória. “Nossa assistência atende às modalidades de ensino com as quais o IFS trabalha: técnico integrado ao ensino médio, técnico integrado (Proeja), ensino subsequente e superior, além do público da Educação a distância (EAD). Nossas demandas são produzidas por meio de ações e projetos planejados pela nossa equipe e o que chamamos de demanda espontânea, surgida por recebimento de contato de alunos, colegas de outros setores, como biblioteca e outros que acompanham diretamente o estudante”.
Ingredi Palmieri ainda detalhou quantos estudantes o Praae atende, no momento, que tipo de carência social é acolhida pelo programa, bem como diversos tipos de situações sociais nas quais as famílias estão inseridas e destacou a relevância do Praae no sentido de contribuir para o processo de aprendizagem do aluno. Salientou também que o atendimento da equipe ao estudante é feito tanto de forma individual, como também junto a familiares do aluno.
Na fala da pedagoga especialista Vera Maria Trindade Freitas e diretora de Assuntos Estudantis ela informou que “no campus Aracaju existe uma equipe que trabalha com os estudantes possuidores de alguma necessidade específica, por meio do Núcleo de atendimento aos discentes com necessidades específicas (Napne)”. Apresentou a equipe, como a assistente social Flávia Silva Rocha e uma intérprete de Lingua Brasileira de Sinais (Libras), Eliana Alves Batista, que teve participação na mesa redonda da equipe.
“Nós tivemos um aluno surdo que ingressou no ano passado e desistiu, mas agora ele retorna ao campus Aracaju e será aluno do curso técnico de eletrotécnica subsquente. Temos a colega inérprete de Libras que irá trabalhar, certamente, com esse aluno. No momento, temos cerca de 39 alunos com alguma necessidade específica. Nos cursos superiores de Saneamento Ambiental, licenciatura em Química, Matemática, técnico em Informática, Turismo, Segurança do trabalho, Petróleo e Gás e Proeja. Estão distribuídos nestes cursos. Temos aluno com visão monocular, com baixa audição, vários alunos com deficiência em locomoção e transtorno mental.
A professora Vera explicou que os alunos com transtorno mental não são considerados na legislação como deficientes, mas estão em nossa escola e nós iremos atendê-los e encaminhá-los à rede pública de saúde, quando precisarem de médicos especialistas. “O Napne é um núcleo que atende diretamente esses alunos e os professores devem conhecer o setor que está à sua disposição, com vistas a mediar o trabalho em sala de aula. E nós pedagogos, psicólogos e assistentes sociais que trabalhamos no setor não veremos esse aluno como um deficiente, mas sim o lado humano dele, a pessoa humana que os palestrantes estão a debater nesta jornada pedagógica. E para isso, é o Instituto, a escola, eu e você professor que devemos nos adaptar e nos ajustar.
Defendemos, dessa forma, as adaptações ou ajustes curriculares, adaptações de ambientes, como mobiliários, mobilidades, como rampas, ajuste nos procedimentos metodológicos de ensino, estudo e sugestões por meio da legislação, nos planos e ações da escola para atender nossos alunos com necessidades específicas”, sintetizou.
“Não é somente para os alunos com necessidades específicas que estamos a trabalhar. Nós não vamos colocá-los à margem. Vamos trabalhar para que os alunos, em quaisquer situações possíveis, tenham o direito a adquirir conhecimento com condições de aprendizagem. Dentro dos planejamentos de grande ou pequeno porte precisamos continuar a atender nossos alunos. Precisamos conhecer o nosso aluno para então oferecer a ele as possibilidades que o Instituto tem para que o mesmo adquira o conhecimento da melhor forma possível”, finalizou Vera Trindade.
Em sua exposição, a Psicóloga mestre Karen Gomes Leite declarou que “esta mesa representa os estudantes com vulnerabilidade socioeconômica, necessidades específicas e eu vou falar sobre os alunos do técnico integrado ao ensino e médio e os alunos do integrado, na modalidade Educação de jovens e adultos (Proeja), porque se trata de um estudante que apresenta outras formas de vulnerabilidade”, explicou a psicóloga.
Karen Gomes revelou a fala dos estudantes e declarou que ali ela representaria as vozes deles, a fim de que a reflexão dos presentes fosse provocada pelo que eles disseram, pelas vozes presentes nos textos escritos por cada um. Nas metodologias de trabalho, a psicóloga Karen informou que as psicólogas do campus Aracaju constroem grupos de terapias com os estudantes e fazem também projetos em parceria com os professores.
“Agora vou pedir a participação de vocês. Vocês irão receber frases escritas pelos alunos que nos revelam os sentimentos deles e o que eles pensam sobre a escola, sobre o ensino que oferecemos e o que podemos fazer, ao ouvi-los por meio do que eles escreveram. Vocês irão receber pelas mãos da pedagoga Katiene Guimarães as frases escritas pelos nossos alunos. Não sei se dará para refletirmos aqui sobre elas, debatermos, mas cada professor que as pegar para ler, certamente refletirá sobre o que leu. As frases são frutos do trabalho individual feito com o estudante e também em grupo. Nossos projetos surgem a partir do que eles apresentam, da realidade quotidiana do adolescente, a fim de nos aproximarmos e trabalhar com eles”. Os temas são diversos, como sexualidade, drogas, bullyng, relação com os professores e com os colegas”, ela esclareceu.
As frases provocaram debate e reflexão, como questões sobre as relações entre professores e alunos, problemas institucionais e elogios aos professores. O professor Alysson Barreto, mediador da mesa e atual pró-reitor de ensino, declarou que ouvir as frases não o deixou sossegado e convidou a psicóloga Karen Gomes para participar de futuros diálogos e projetos de trabalho da pró-reitoria.
No debate, professores lembraram que os desafios vão para além do que foi tratado nas mesas e temas como A escola sem partido e outros temas devem ser dialogados na escola e que é importante conhecer o cenário onde estamos.
Conferência
A equação pedagógica fundamental: aprender = atividade intelectual + sentido + prazer, coordenada pela professora doutora Elza Ferreira Santos
“Meu pai foi prisioneiro de guerra e fugiu para me fabricar. Sou filho da liberdade”. Foi assim que o professor Bernard Charlot iniciou sua apresentação. Os discursos são ótimos, bonitos, maravilhosos. Consciência ecológica. Democracia, luta contra o racismo, pela igualdade, transversalidade. Agora, quando se olha quando as coisas funcionam, comparando com esses discursos que valorizam a inovação. Como as coisas funcionam? Funcionam na estrutura do que foi construído nos séculos XVI e XVII, pelos jesuítas. O que a Sociologia chama de forma escolar, numa organização de espaço fragmentado, num tempo fragmentado, avaliação individual como parte fundamental da forma escolar, e o professor tem que enfrentar isso”.
“O professor organiza um trabalho no computador com os alunos e depois valia individualmente o aluno. É completamente contraditório. E o Ministério que envia os avaliadores para ver como funciona o sistema avalia o que? Nas pesquisas internacionais, avaliam o que: Língua, Matemática e Ciência. Filosofia, Literatura, Poesia, Sociologia, Educação física, não avaliam, porque dizem que ‘isso, na verdade, não importa tanto’.
Para o professor Charlot o sistema se produz numa grande contradição e declarou que os alunos e os professores sofrem o conjunto dessa problemática e que o desafio de encarar um mundo que lhes pede muito mais do que oferece talvez seja o maior deles. Sua reflexão, portanto, foi no sentido de desafiar o público assistente a mobilizar seus sentimentos em razão de tudo o que foi discutido, a fim de problematizarem suas práticas com profundidade e, assim, tornar possível a transformação que desejam para o aluno, a parti de si.
“Neste momento, valorizam o Português e a Matemática. Não é apenas uma escolha política avaliar esse ou aquele campo, priorizar, é muito mais que isso. E o que faz o professor diante disso? Ele então quer sobreviver. A Sociologia já mostrou que o professor procura sobreviver profissionalmente, socialmente, psicologicamente e, às vezes, com dificuldades, fisicamente. Tenta sobreviver nessa estrutura tradicional de escola, porque a escola é feita para uma pedagogia tradicional. Ela é feita para isso, é organizada para isso. O professor tentar abrir parênteses construtivistas, como ele pode, com um pouco de pesquisa, com um pouco de trabalho, com introdução das chamadas novas tecnologias. Mas, isso não é fácil. Hoje, as novas tecnologias supõem formas de ações pedagógicas que não condizem com a pedagogia prevista no ensino desejado”.
Professor Charlot centralizou a temática que faz a triangulação entre o processo de aprendizagem, a atividade intelectual, o sentido e o prazer. Nesta proposição que ele denominou de equação pedagógica, provocou os professores e técnicos administrativos do IFS a refletirem com profundidade os desafios que enfrentam no seu cotidiano. Um dos pontos mais altos da conferência de Charlot foi não deixar respostas prontas, mas mobilizar o público do IFS para a importância das perguntas na vida dos alunos e professores, dos profissionais que são responsáveis pelo enfrentamento diário em sala de aula ou fora dela, com vistas à conquista do ensino e desejado. O conhecimento como integrante de uma ação prazerosa e feliz, que desse sentido à vida.
Encerramento institucional
O diretor geral do campus Aracaju, Elber Gama Ribeiro, declarou em suas palavras de encerramento da Jornada pedagógica, que a edição 2018.1 foi satisfatória e deixará reflexões que irão mobilizar o pensamento de professores e técnicos administrativos que prestigiaram o evento. Elber Gama se declarou entusiasmado com o resultado do evento, que atraiu a atenção dos assistentes.
Professor Elber agradeceu de forma especial ao presidente do Tribunal Regional do Trabalho - 20ª Região, dr. Thenisson Dória, è equipe da Assessoria de Comunicação daquele órgão que cedeu o seu auditório para a realização da Jornada pedagógica do campus Aracaju. Agradeceu a aos funcionários que não mediram esforços para a logística do evento. O professor Elber Gama agradeceu ainda o diretor de administração do campus Aracaju, Ider de Santana Santos a equipe da Assessoria pedagógica, representada pela pedagoga Dayse Vespasiano, à diretora de ensino, professora mestre Thirzá, aos colaboradores e a todos que contribuíram para o sucesso do evento.
Finalmente, o professor Elber agradeceu a todos os participantes, membros das mesas redondas e seus mediadores, aos professores da Universidade Federal de Sergipe, Antônio Vital e Barnard Charlot e os coordenadores da palestra e conferência, por terem, principalmente, suscitado mais perguntas que respostas nos objetivos da Jornada pedagógica que iniciou os trabalhos do ano letivo de 2018. Ele entregou, simbolicamente, ao Gelson do Couto (técnico judiciário do TRT) um kit como lembrança da Jornada pedagógica. Veja as fotos da Jornada pedagógica: http://bit.ly/2n55rA6
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