Culto ecumênico dá início às comemorações de Natal
Evento aconteceu sexta-feira, 30, no campus Aracaju e reuniu alunos, professores, técnicos administrativos , colaboradores e convidados
Emoção, confraternização e reflexão marcaram o culto ecumênico 2018 realizado pela direção-geral na manhã de sexta-feira, 30, no campus Aracaju do Instituto Federal de Sergipe. Neste ano, o diretor-geral Elber Gama reuniu a comunidade acadêmica para pensar a resiliência e a tolerância. O evento, organizado pela Assessoria de Comunicação Social, Ascom, uniu, pela primeira vez na instituição, representantes das religiões católica, evangélica, espírita e afro-brasileiras. A celebração contou com as apresentações da contralto Gildete Aragão e do músico e servidor do IFS, Daniel Freire.
O culto foi conduzido pelo pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, do bairro Taiçoca, Grande Aracaju, padre Adan Maurício Santos da Silva; ministro do Evangelho na Igreja Universal, pastor Anderson Guerra; diretor da Federação Espírita de Sergipe e vice-presidente da Academia de Letras Espíritas de Sergipe, Idair Montelli Reis e o professor doutor do Departamento de Museologia da Universidade Federal de Sergipe, candomblecista Fernando José Aguiar.
Durante a abertura, o professor Elber Gama definiu o encontro como um momento de reflexão e de respeito ao próximo, visando humanizar a convivência laborativa e abrandar as inter-relações pessoais e contribuir para melhora contínua do clima organizacional. “É preciso promover o bem e guardarmos os ensinamentos do nosso maior professor, o senhor Jesus, o qual enxerga o conhecimento como fonte de libertação. Que a nossa instituição, então, possa ensinar, contribuir para educar e levar à liberdade através do conhecimento”.
RESPEITO
Em sua fala, o candomblecista Fernando José Aguiar fez referências à história e importância dos seus antepassados ao tratar de respeito, amor, resiliência e fé. Ele também parabenizou o campus Aracaju por abrir suas portas para um representante das religiões afro-brasileiras. “Penso que esta instituição dá muitos passos à frente na garantia da laicidade do estado e da educação brasileira. É muito importante esse momento aqui para todos nós que somos das religiões afro-brasileiras de Sergipe”, enfatizou.
“Os cultos ecumênicos são sempre cristãos. Eu não vejo problema em Cristo, eu não vejo problema nos cristãos. Se Deus é amor e quem ama permanece em Deus, fora do amor não existe Deus. Amar é um ato de respeitar. Quando esse Ser superior, independentemente da denominação que receba, nos criou e nos tornou diferentes foi para aprendermos que sem respeito não há amor”, acrescentou.
Ao definir religião como um ato de religar, Fernando disse que o ser humano não pode estar ligado ao divino menosprezando sagrado alheio e lembrou que as religiões são criações humanas pautadas nas concepções culturais e são institucionalizadas a partir de revelações ou de práticas sociais construídas. “O Deus é um só. Deus é superior a qualquer religião porque não é religião nenhuma que salva. Quem nos salva é a fé!”.
“Sejamos felizes nas nossas diferenças e que elas nos possibilite diálogos humanos, verdadeiramente cristãos, e que esses diálogos permitam mostrar o que há de melhor em nós, especialmente a capacidade de amar", concluiu.
TOLERÂNCIA
Antes de falar sobre tolerância, o espírita Idair Montelli Reis definiu o que é a intolerância. “Ela é a irmã da arrogância, prepotência, presunção e todas elas são filhas do casal vaidade e orgulho. Os grandes pensadores dizem que o orgulho é o pai, janela, a porta de todas as nossas más tendências e isso está ligado ao poder e a matéria. A única verdade absoluta nessa vida, alguém pode até duvidar da existência de Deus, mas a única verdade absoluta é que daqui a um tempo não mais estaremos aqui. Quando nós viemos não trouxemos nada e vamos embora também sem levar nada. E mesmo assim continuamos brigando, odiando e perdendo tanto tempo nessas tais intolerâncias”, declarou.
Ao concluir seu discurso, o representante da religião espírita deixou uma mensagem de respeito à vida humana. “Você só combate intolerância, ódio, prepotência e arrogância, com amor! Amor é você se colocar no lugar do outro, na empatia; saber o que o outro sente; não fazer com o outro aquilo que não gostaria que fizesse com você, isto é amor ao próximo. Lembremos que, há dois mil anos, Jesus deixou um ensinamento: amai ao próximo como a ti mesmo”.
O pastor Anderson Guerra fez a leitura de versículos bíblicos para ressaltar a importância da fé. “É a fé que nos faz ser resilientes para enfrentar os piores problemas, aquilo que não esperávamos estar passando, e seguir em frente!”. Ao falar da relação entre fé e a resiliência , Anderson explicou essa conexão. “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Sem ela não chegaremos a lugar nenhum porque no meio do caminho surgem montanhas, palavras negativas, pessoas que vão dizer que você não pode, não consegue, não é capaz”.
Anderson deixou uma mensagem de esperança à comunidade acadêmica. “Eu costumo dizer que quanto maior o problema, a dificuldade, melhor a fé. Quanto mais eu ouço não, luto em busca do sim porque acima de tudo eu creio em Deus. Um novo ano está vindo e se você tiver fé , 2019 será um ano de muitas posses e bênçãos em sua vida”.
No culto ecumênico, padre Adan Maurício Santos da Silva relatou a sua emoção em estar no campus Aracaju, antiga sede da Escola Técnica Federal de Sergipe, instituição onde o religioso estudou o ensino médio. “Para mim é motivo de grande alegria estar aqui, sobretudo por ser ex-aluno desta casa. Ingressei na ETFSE em 2002, e no mesmo ano nos tornamos CEFETSE. Em 2004, concluí o ensino médio e iniciei o nível técnico em Segurança do Trabalho, mas o seminário me convidou para iniciar os estudos eclesiásticos, por isso eu abrir mão do curso técnico e ingressei na licenciatura em Filosofia”.
O representante da Igreja Católica fez a sua exposição a partir de três reflexões: amor, respeito e fé. “Jesus nos diz: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. São Paulo nos diz: suportai-vos mutuamente no amor. Então, o amor é o fundamento de todas as relações. Quando retiramos o amor das nossas relações, elas não conseguem permanecer de pé por muito tempo. Nós somos chamados a amar os nossos familiares, colegas de trabalho, amigos e, de acordo com a ótica cristã, até mesmo os nossos inimigos, ou seja, amar aqueles que não gozam do nosso prestígio, não são tão fáceis de serem amados”.
O nosso grande desafio, disse padre Adan, é exatamente ganharmos tempo amando, respeitando, criando comunhão, fraternidade, unidade e solidariedade e não perdermos tempo brigando, criando entre nós muros que, de alguma forma, nos separam.
A segunda reflexão foi sobre o respeito. “O papa Francisco em um dos seus pronunciamentos nos diz que não podemos olhar uns para os outros como rivais e competidores. Precisamos olhar uns para os outros como irmãos, ainda que não sejamos amigos. Irmão a gente respeita, quer bem, do irmão a gente cuida. Como seria diferente o nosso mundo se parássemos de competir uns com os outros, criar rivalidade, e fôssemos capazes de estendermos a mão uns aos outros”, declarou.
Em seu terceiro e último diálogo, o religioso falou a respeito da fé. “O mundo parece estar de cabeça para baixo e analisando o processo de desumanização, um dos fatores desse caos que estamos testemunhando, peço a vocês: cultivemos por meio da fé um equilíbrio que nos permita enfrentar as dificuldades, adversidades, tendo o amor como base das relações. A minha oração é para que Deus abençoe a todos e que tenhamos um novo ano repleto de alegria, saúde e de paz”, finalizou.
Ao encerrar o evento, o diretor-geral do campus Aracaju agradeceu aos representantes religiosos pelas palavras que permitiram reflexões enriquecedoras e, citando o antropólogo, sociólogo e filósofo Edgar Morin, afirmou que a unidade se faz na adversidade.
Link para galeria de fotos no Flickr IFS Campus Aracaju:
https://olha.ai/VScY4
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