Mês da Consciência Negra valoriza saberes produzidos pela população negra
Programação contou palestras, rodas de conversa, exposições, oficinas, desfila, apresentações culturais e sessões de cinema
*Por Carole Ferreira da Cruz
O Novembro Negro do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus Estância provocou reflexões, engajou a comunidade acadêmica, fortaleceu laços e afetos e repercutiu para além dos muros da instituição. Arte em toda parte, palestras, rodas de conversa, exposições, oficinas, apresentações culturais e sessões de cinema integraram uma programação diversificada e potente, que se estendeu ao longo de todo mês, contou com ativa participação da comissão organizadora e se fortaleceu com o protagonismo estudantil.
O desfile Beleza Negra foi um dos pontos altos do evento e ocorreu em paralelo a apresentações de grupos de percussão e de dança afro. Os alunos produziram looks criativos e empoderados para mostrar toda a potência da negritude que há na alma brasileira. Outro destaque foram os debates promovidos no campus, que abordaram temáticas fundamentais como ancestralidade, cultura e resistência. As discussões foram fomentadas não só nas palestras, mas em painéis de autores negros, exibição de filmes como Harriet e Besouro, oficinas de turbantes, dança livre e arte gráfica corporal.
Para o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do IFS, Alexandre Oliveira, o Novembro Negro no Campus Estância alcançou plenamente o objetivo de conscientizar a comunidade acadêmica para a necessidade de repensar a forma como os saberes produzidos pela população negra são silenciados, ofuscados e negados. Diante disso, é imprescindível aplicar a Lei 10.639/03 e buscar formas para incluir os conhecimentos de origem afrobrasileira e indígena no currículo de forma transversal em todas as disciplinas.
De acordo com Alexandre, essa inclusão busca o reconhecimento e o direito ao saber à comunidade que representa o maior percentual dos alunos no Campus Estância. “Quando o saber é ignorado, resta a ignorância e, junto com ela, toda forma de violência e preconceito. A extensa programação desenvolvida durante todo o mês de novembro, bem como o envolvimento de professores, técnicos e estudantes negros/as e não negros/as atestam que a preocupação com a inclusão tem crescido no ambiente escolar, o que demanda ações que não se reduzam apenas ao mês de novembro”, destacou
Segundo o gerente de Ensino, Leonardo Bonfim, num campus com quase 90% da comunidade autodeclarada preta ou parda, eventos como esse permitem o autoconhecimento, o conhecimento das ancestralidades e uma melhor compreensão de como podemos melhorar enquanto sociedade. “Ações afirmativas como os projetos desenvolvidos pelos estudantes e apresentados durante o mês da Consciência Negra são de fundamental importância para o sentimento de pertencimento do estudante e de toda a comunidade, promovendo tanto a integração quanto o fortalecimento de ações de permanência e êxito”, ressaltou.
Protagonismo estudantil
Os estudantes deram o seu melhor para que a programação superasse as expectativas. “O Novembro Negro foi uma experiência rica e transformadora, promovendo a valorização da cultura negra e incentivando a reflexão sobre a história e as lutas dos afrodescendentes. Essa iniciativa foi fundamental para integrar o estudo e a celebração da herança africana no ambiente escolar, proporcionando aos alunos uma visão mais profunda e respeitosa da contribuição do povo negro para a sociedade”, observou Maria Eduarda Tavares, do curso integrado Sistema em Energias Renováveis.
Relatório de avaliação produzido pelas alunas Any Letícia, Camily Cardoso, Maria Eduarda dos Anjos, Mirely Oliveira e Yasmim Santos, do curso de Edificações, mostra o impacto do evento na comunidade.
“O Novembro Negro dentro das escolas é uma oportunidade valiosa de promover a reflexão, a conscientização e a valorização da cultura e história negras. Ele não só contribui para a educação antirracista, como também ajuda a formar cidadãos mais empáticos, conscientes e comprometidos com a igualdade racial. Além disso, é uma forma de reconhecer e celebrar as contribuições do povo negro para a sociedade, criando um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso para todos”.
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