Campus Estância investe em cursos para fortalecer cadeia produtiva da aquicultura e pesca
Formação dos alunos é complementada por visitas técnicas, aulas práticas e participação em projetos na área de educação ambiental
Setor da agropecuária que envolve a pesca extrativa e a o cultivo de organismos aquáticos (aquicultura), a atividade pesqueira está se consolidando no Brasil como uma nova fronteira de produção de proteína de alta qualidade. De olho nesse filão, o Instituto Federal de Sergipe (IFS) tem investido na oferta de qualificação profissional para a região Sul, um dos maiores polos pesqueiros no estado.
No IFS – Campus Estância funciona desde 2012 o curso técnico de Recursos Pesqueiros na modalidade subsequente, voltado para quem já concluiu o ensino médio. Este ano passou a ser ofertado também o curso de Aquicultura integrado, destinado a quem quer cursar o ensino médio e simultaneamente aprender uma profissão. Esses cursos contam com laboratórios, excelente infraestrutura e corpo docente altamente qualificado.
A formação dos alunos é complementada por visitas técnicas, aulas práticas e participação em projetos de pesquisa e extensão na área de educação ambiental. Além disso, são ofertados cursos de curta duração por meio de parcerias com universidades, prefeituras e instituições como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a exemplo do que ocorreu ano passado na área de beneficiamento e tecnologia do pescado.
Atividade de campo
As visitas técnicas oportunizam aprender na prática o conteúdo de sala de aula e vivenciar situações com as quais o futuro profissional terá que lidar no mercado de trabalho. Entre os dias 21 e 24 de novembro de 2016, os estudantes do segundo período de Recursos Pesqueiros participaram de aulas de campo no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Betume (Ceraqua-SE), na zona rural de Neópolis, no baixo São Francisco.
Segundo o coordenador do curso, professor Robson Silva de Lima, a estrutura oferecida no centro integrado permitiu a realização de importantes atividades de campo, a exemplo da seleção dos reprodutores de tambaqui e da indução hormonal para possibilitar o processo de reprodução induzida dos peixes; e o acompanhamento do processo de contagem de horas grau e do desenvolvimento dos ovos no laboratório.
Os alunos fizeram ainda a variação nictemeral (espaço de tempo compreendido entre 24h) da qualidade da água de três reservatórios para entender na prática como ocorre essa variação em viveiros; e usaram o laboratório do Ceraqua para avaliar a qualidade da água dos viveiros, através das seguintes variáveis: alcalinidade, nitrito, nitrato e amônia. Além disso, observaram o processo de calagem e adubação e acompanharam a parte de construção de viveiros para peixes.
Outras atividades desenvolvidas foram a sexagem dos reprodutores de tilápias (diferenciação entre machos e fêmeas); e a visita a um minhocario, onde é realizado o cultivo e o desenvolvimento da flora do baixo São Francisco. A visita foi acompanhada pela chefe do Ceraqua-SE, Ana Helena Gomes da Silva; pelo químico e analista em Desenvolvimento Regional, Anilvison Cavalcante Junior; pelo engenheiro de pesca da Codevasf , Irum Menezes Guimarães, e pelos professores Robson de Lima e Isabela Bacalhau.
A oportunidade de manter contato com a realidade profissional estimulou os estudantes a se dedicarem ainda mais ao curso e, assim, contribuírem para o desenvolvimento da aquicultura e pesca na região Sul. “Foi ótimo viver essa experiência. Conseguimos colocar em prática vários procedimentos e técnicas que estamos aprendendo em sala de aula, como o manejo e a biometria em piscicultura”, afirmou Adriele Santos Silva, 19 anos.
Potencial da região Sul
Levantamento realizado em 2012, antes de o Ministério da Pesca e Aquicultura ser extinto, mostra que existem 20.086 pescadores em Sergipe, distribuídos em 20 colônias e inúmeras associações, e cerca de 1.000 aquicultores que contribuem com algo em torno de 13 mil toneladas de pescado. Só na região Sul funcionam 26 comunidades pesqueiras, sendo 12 em Estância, seis em Santa Luzia do Itanhy e oito em Indiaroba, além de inúmeras organizações de pescadores voltadas também à piscicultura e à carcinicultura.
A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise) realizou um levantamento que indica a existência de 14 empreendimentos voltados ao cultivo do camarão já instalados numa área alagada de 100 hectares nas bacias dos Rios Piauí e Real, que banham os municípios da Região Sul. No entanto, há nessas bacias 5.000 hectares de áreas potenciais para o desenvolvimento da aquicultura.
Redes Sociais