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Cultura indígena encanta professora e pautará trabalhos em salas de aula

Criado: Terça, 10 de Janeiro de 2017, 18h08 | Publicado: Sexta, 20 de Abril de 2012, 15h29 | Última atualização em Terça, 10 de Janeiro de 2017, 18h08
Integrante fundamental da história do Brasil, a população indígena do país, segundo senso realizado pelo IBGE em 2010, equivale a cerca de 0,4% dos brasileiros. Para conhecer um pouco mais a cultura indígena, a professora do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus São Cristóvão, Lindamar Oliveira, visitou, em 2011 e 2012, São Gabriel da Cachoeira, considerado o maior município indígena do país, onde 98% dos habitantes são indígenas, de 23 etnias e com 18 línguas representadas.

Visando estudar a relação entre os moradores locais e as águas, objeto de estudo da sua dissertação de mestrado, a professora vivenciou o cotidiano dos indígenas estudantes do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) - Campus São Gabriel da Cachoeira e atuou, por um curto período, na Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). “Meu interesse inicial era conhecer e tentar compreender a relação desses povos com as águas do Rio Negro e do Rio Cuauboris, onde os yanomamis mantém seus rituais de interação com a natureza. Lá fiz muitas amizades, ganhei um afilhado yanomami, Martinho Teixeira, e vislumbrei novas possibilidades de ações afirmativas e aplicabilidade em sala de aula”, conta.

Atualmente, o Ifam atende a indígenas de 10 etnias, entre elas a yanomami. “Radicados na região do atual Parque Nacional do Pico da Neblina desde os anos 40, os yanomamis que ocupam a região de Maturacá são resultado de um processo migratório complexo e originalmente violento”, explica Roberta Enir, professora e responsável pelo projeto 'Vozes e imagens da memória Yanomami: Registro da oralidade e preservação cultural'.

Com o acervo obtido durante o período de pesquisa, Lindamar Oliveira pretende montar no Campus São Cristóvão uma aula expositiva, a fim de proporcionar aos estudantes uma abordagem mais realista da história. “Não há como mensurar o patrimônio material e imaterial acumulado por saberes e fazeres ancestrais. Nossos educandos precisam vivenciar experiências com a matriz básica da população brasileira”, sinaliza.

Didática

Mais que cumprir a Lei 11.645, de 2008, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática 'História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena', a docente foi em busca de atividades que visam ao enriquecimento cultural mútuo entre os estudantes do Campus São Cristóvão e alunos do Ifam - Campus São Gabriel da Cachoeira. “Estamos abordando a temática indígena na disciplina ‘Arte e Educação’. Nossa ideia é manter uma relação próxima com a comunidade escolar visitada a partir da utilização da tecnologia como ferramenta”, pondera.

Superando as expectativas, a temporada de estágio e vivência da professora no instituto amazonense permitiu uma série de descobertas, cumplicidade e estímulo ao trabalho. “As ações desenvolvidas no Ifam na área da linguística e resgate histórico através dos trabalhos da equipe de pesquisa são ações que atendem às prerrogativas legais e demandas da comunidade local”, relata.

A temática indígena é assunto recorrente no Campus São Cristóvão. Antes de se aventurar pelo norte do país, Lindamar Oliveira se uniu ao professor Miguel Melo e ao estudante Cristiano Cunha em torno de um projeto que tem como tema 'O universo simbólico Xocó'. “Entendo que nós, brasileiros, precisamos conhecer e reconhecer a importância dos povos indígenas no Brasil, eu sempre abordei essa temática. A presença do povo Xocó na instituição, como ocorria anteriormente, proporcionava o enriquecimento das aulas”, afirma. Entusiasta da cultura indígena, ora entre o povo Xocó, ora no Norte com os Yanomamis, a docente acredita no papel da educação como agente integrante da disseminação cultural e respeito mútuo.

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