Astronomia e língua indígenas são apresentadas durante evento comemorativo
Através da interpretação das constelações, índios eram capazes de ter noção sobre a época de chuvas e de secas, por exemplo
Antes de nomes como Nicolau Copérnico e Isaac Newton publicarem as teorias sobre a posição da Terra no universo e da gravitação universal, respectivamente, os índios desenvolveram saberes ligados à linguagem e à física que os ajudaram na realização das atividades necessárias à sua sobrevivência no tempo. A importância desses conhecimentos culturais foi destacada no Instituto Federal de Sergipe – Campus São Cristóvão, na última quarta, 22 – na oportunidade, foram realizadas a oficina Sateré-Mawé em Libras e Língua Portuguesa, que apresentou o minidicionário trilíngue do autor Marlon Jorge Silva de Azevedo, e a oficina Astronomia Indígena. As iniciativas aconteceram em alusão ao Dia do Índio, celebrado no Brasil no dia 19 de abril.
À frente do evento de valorização da cultura indígena estava a equipe multidisciplinar do projeto Cinema nas Aldeias Xavantes, que é um programa da Fundação Nacional do Índio (Funai) executado em parceria com o IFS. Na parte da manhã, uma das oficinas abordou o minidicionário Sateré-Mawé, que traz os principais verbetes falados pelos habitantes da região entre o baixo Tapajós, o Madeira e o Amazonas, bem como os conceitos básicos referentes ao idioma desses grupos. A oficina sobre o livro de verbetes foi apresentada em Libras e teve como facilitador o primeiro aluno surdo matriculado no Campus São Cristóvão, Marcos Daniel.
A ação inclusiva foi empreendida com o apoio do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Específicas (Napne). Enquanto o aluno Marcos Daniel fazia a exposição em Libras sobre o minidicionário, a intérprete do Campus Socorro, Priscila Brito, traduzia para a língua portuguesa a palestra. “A oficina foi bastante proveitosa, pois colocou um aluno surdo em posição de destaque e de visibilidade, além de possibilitar a sua integração com a comunidade escolar”, aponta Priscila. A ideia de aliar cultura indígena e inclusão partiu de Lindamar Oliveira, docente da disciplina de Arte e Educação do Campus São Cristóvão.
Astronomia
Se hoje os potentes computadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) ajudam a produção agrícola brasileira a prever com grande capacidade de acerto os períodos de estiagem e chuva abundantes, os índios precisaram desenvolver saberes que tinham esse mesmo objetivo quando a lâmpada elétrica, invenção que deu origem a qualquer possibilidade eletrônica, sequer estava perto de ser criada por Thomas Edison. Para isso, eles interpretavam, por exemplo, as fases da lua para ajudar no processo do plantio, da pesca e da caça e as constelações para antecipar se os dias seriam de seca ou não – todo esse amplo conhecimento é chamado de astronomia indígena.
Segundo Antônio José, docente de física do Campus São Cristóvão e facilitador da oficina, apesar de existir muito o que aprender com os índios, a astronomia indígena é um campo pouco explorado. “A oficina foi uma atividade muito rica, durante a qual discentes, professores e técnico-administrativos tiveram a oportunidade de conhecer algumas constelações a olho nu e aprender noções de direção e orientação a partir delas. Além disso, os participantes também puderam, através de um telescópio montado por mim mesmo, observar a lua e o planeta Júpter, com três de suas várias luas, em aula realizada em um laboratório disponível para todos: o céu”, resume Antônio.
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