Jornadas de aluna e professor apontam a internacionalização como preparo para o mercado global
Erica Oliveira e Junior Leal tiveram suas experiências contadas em uma obra lançada em comemoração aos 15 anos da Lei nº 11.892, que deu origem aos Institutos Federais e à Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica
No Instituto Federal de Sergipe (IFS), a internacionalização ultrapassa as fronteiras acadêmicas e se torna uma experiência real para estudantes e servidores. A experiência de Erica dos Santos Oliveira, aluna do Campus Aracaju, ilustra bem a importância de iniciativas de mobilidade. Natural do município de Capela e proveniente de uma família onde a educação superior era um sonho distante, a jovem deu início a uma nova jornada em sua vida após participar de um desafio de inovação, em Goiás, com pessoas de todo o Brasil e de Portugal. Para ela, que nunca tinha viajado de avião, a chance de vivenciar uma nova experiencia não significava apenas progresso acadêmico, mas também representava um desafio pessoal, que simboliza o poder transformador dos programas de mobilidade acadêmica.
A transformação de Erica ocorreu durante o programa Lapassion (Latin America Practices and Soft Skills for an Innovation Oriented Network) em Rede, que é uma iniciativa focada no desenvolvimento de habilidades práticas e competências interpessoais (soft skills) com orientação para inovação. Esse programa tem como objetivo promover a colaboração internacional, principalmente entre instituições de ensino e pesquisa na América Latina, para fomentar a troca de conhecimentos e experiências entre estudantes e profissionais de diferentes áreas.
O Lapassion, realizado em Itumbiara, Goiás, reuniu estudantes de 33 Institutos Federais do Brasil, incluindo Erica, e de dois Politécnicos de Portugal. Este evento marcante na vida da estudante do IFS foi um ponto de virada em sua trajetória acadêmica e pessoal. Ao ser aprovada, ela expressou surpresa e reflexão sobre seu crescimento: “Meu Deus, nunca imaginei que alcançaria tanto, saindo do meu estado para participar de algo tão grandioso. Quem eu era antes disso?”, disse Erica. Suas palavras mostram a transformação e o impacto que a experiência do projeto Lapassion teve em sua vida.
Turismo e descarte de resíduos
A jornada de Erica se entrelaça com a experiência proporcionada pelo IFS. Desde o início de sua graduação, a estudante participou ativamente de projetos de pesquisa, extensão e eventos científicos, atividades que enriqueceram sua formação e lhe prepararam para desafios futuros. O Lapassion, porém, exigiu muito mais do que o conhecimento acadêmico: Erica teve que enfrentar o desafio de trabalhar em uma equipe multicultural, composta por membros de diferentes estados do Brasil e com formações diversas.
A equipe de Erica teve a missão de promover o descarte de resíduos inorgânicos de indústrias de diferentes portes. Inicialmente, eles focaram em um tipo específico de resíduo, mas, após uma visita técnica, tiveram que recomeçar do zero. A experiência da aluna do IFS culminou na criação de uma plataforma que conecta indústrias que geram resíduos inorgânicos com empresas interessadas em reciclá-los. Essa solução inovadora é um exemplo do impacto transformador que a internacionalização pode ter no desenvolvimento de habilidades e na preparação para o mercado global.
Portugal e design
Já Junior Leal do Prado, professor do IFS, obteve sua experiência de Mobilidade Acadêmica Internacional (MAI) em Portugal. Nos últimos anos, programas de MAI têm se destacado como estratégias essenciais para a internacionalização do ensino superior. Eles permitem que professores e pesquisadores vivenciem parte de suas atividades em instituições de ensino ou pesquisa no exterior. Neste sentido, o IFS estabeleceu cooperação internacional com o Instituto Politécnico do Porto (IPP) em Portugal, com o objetivo de reforçar as ações de internacionalização do ensino e promover a cooperação acadêmica entre Brasil e Portugal.
De acordo com Junior, um professor que investe na MAI como parte de sua formação aprimora significativamente suas capacidades. “Este docente torna-se capaz de desenvolver um currículo internacional, formar redes de relacionamentos com outros pesquisadores, desenvolver uma didática sintonizada com o ambiente global, adquirir conhecimentos para processos de orientação de alunos e/ou servidores candidatos aos programas de MAI, além de incentivar a convivência intercultural no contexto universitário", aponta.
Na sua experiência de mobilidade, Junior realizou atividades de pesquisa no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e na Porto Design Factory (PDF) do IPP. Este, em particular, se destacou como um ambiente enriquecedor e interdisciplinar, onde equipes internacionais trabalhavam juntas para enfrentar desafios de inovação propostos por empresas parceiras. Essa experiência permitiu ao professor conhecer a estrutura, equipamentos e metodologia da PDF, bem como participar de eventos técnicos-científicos que enriqueceram sua formação.
As experiências de Erica Oliveira e de Junior Leal foram publicadas na obra "Vozes da Internacionalização: narrativas de estudantes e servidores da educação profissional, científica e tecnológica", que reúne histórias inspiradoras de experiências que moldaram o acesso, a permanência, o sucesso e as ações de inclusão dentro da Rede Federal. O livro foi lançado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) em comemoração aos 15 anos da Lei nº 11.892, que deu origem aos Institutos Federais e à Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica.
Segundo Frederico Chaves Sampaio Júnior, assessor internacional do IFS, a internacionalização é uma jornada de transformação que amplia horizontes, desenvolve competências e nos conecta com o mundo. “O IFS está comprometido em continuar promovendo experiências enriquecedoras como essas e contribuir para o desenvolvimento do país e a formação de cidadãos globais", afirma Frederico.
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