Curso de Ajudante de Obras do Programa Mulheres Mil entra na reta final em Estância
A previsão é que o curso seja concluído no próximo dia 30 de outubro, após o módulo de Informática. Com o certificado em mãos, essas mulheres estão aptas a auxiliar o pedreiro e o profissional de engenharia civil na utilização de ferramentas e materiais empregados nos segmentos hidráulicos e sanitários da construção civil, além de realizar leitura de projetos, gráficos e escalas, de acordo com as normas de segurança do trabalho.
A dona de casa Adriana Oliveira Santos, 35 anos, mãe solteira e dois filhos para criar, não vê a hora de poder colocar em prática tudo o que aprendeu até agora. Desempregada, ela planeja conseguir em breve uma ocupação no mercado de trabalho para oportunizar uma vida melhor à sua família. Para tanto, tem sido uma aluna aplicada e determinada. “Aprendi muito no curso: a colocar bloco, levantar parede, chapiscar o muro, fazer o reboco da obra... Espero que apareça logo alguma coisa na área”, revela.
O curso ainda nem acabou e a diarista Lindinalva Santos Silva, 33 anos, casada e mãe de um filho, já começou a colocar a mão na massa. Aproveitou a reforma da casa do irmão para aplicar seus conhecimentos. “Sempre tive curiosidade de aprender a trabalhar com obra por que meu pai é pedreiro. Gostei principalmente da parte de planejamento, de fazer a maquete, de trabalhar com plantas, croquis. Se tiver oportunidade, vou continuar estudando e aprendendo mais coisas”, afirma.
Segundo a gestora do programa no Campus Estância, a coordenadora de Assistência Estudantil Shirleyde Nascimento Dias, o Mulheres Mil é uma iniciativa do governo federal que atende mulheres desfavorecidas nos campos social, educacional e econômico, residentes em comunidades pobres do Norte e Nordeste do país. O público atendido apresenta, em geral, baixo nível de renda e de alfabetização, dificuldade de aprendizagem, condições de moradia precária, fragilidade da estrutura de apoio familiar e demais condições adversas. A faixa etária vai dos 18 aos 60 anos.
Oportunidade desafiadora
As barreiras a transpor para as mulheres que ingressam no programa são enormes. “Os cursos ofertados representam uma oportunidade desafiadora, pois são cursos do eixo da construção civil cuja presença feminina sempre foi muito reduzida. A questão de gênero perpassa no pensar dessas ofertas. O primeiro impacto do retorno à escola é tamanho, cercado das dificuldades de conciliar família, trabalho e escola. Porém esse retorno é agora mais maduro. Elas querem aproveitar cada oportunidade e passam a adquirir confiança e motivação para galgar novas etapas”, analisa Shirleyde Dias.
Durante o curso de Ajudante de Obras, as alunas participaram de uma série de atividades, como aulas práticas na própria instalação do campus; aulas laboratoriais de informática e hidráulica; oficinas educativas e visitas técnicas, a exemplo da que ocorreu ao Museu da Gente Sergipana, em Aracaju. Além disso, foram realizadas atividades socializadoras, como as comemorações pela passagem do Dia Internacional da Mulher. A carga horária é de 180 h e está incluso o pagamento de bolsa no valor de R$ 100, mais o fardamento.
Sobre o programa
O Programa Mulheres Mil – Educação, Cidadania e Desenvolvimento Sustentável foi criado pelo governo federal em 2008, inicialmente nos Estados do Norte e Nordeste do Brasil, com o objetivo de aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida de trabalhadoras e donas de casa em situação de vulnerabilidade social. Em 2011, o programa estendeu-se para todo o País, com a meta de atender 100 mil mulheres até o ano de 2014.
O papel dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF's) nesse processo é selecionar as mulheres que estejam em situação de risco e oferecê-las cursos de capacitação, para que aumentem sua escolaridade e recebam uma formação profissional dentro de uma perspectiva cidadã. No Campus Estância, o programa teve início em 2012 com a oferta do curso de Pintura Residencial e, posteriormente, de Ajudante de Obras, em fase de conclusão.
O acesso ocorreu através de processo seletivo regulado por edital próprio de seleção, que definiu como critérios: ser mulher, ter idade mínima de 18 anos e residir preferencialmente nos bairros Bomfim e Cidade Nova, que apresentam baixos indicadores de desenvolvimento socioeconômico. Na fase preliminar de implantação do Mulheres Mil no Campus Estância, foram realizados encontros nas comunidades para apresentação do programa e consulta sobre os cursos de interesse.
A primeira fase do programa contou com recursos da Lei Orçamentária Anual (LOA) e o demandante era o IFS, que participava diretamente de todo o processo. Para o ano que vem, os cursos serão ofertados pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A seleção das alunas e toda a logística ficarão a cargo da Prefeitura Municipal - que é o atual demandante -, cabendo ao Campus Estância a oferta do cursos. Estão programadas novas turmas de Pintura Residencial, Ajudante de Obras e Recursos Pesqueiros.
Ascom - Campus Estância
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