Cresce rede de solidariedade no IFS para ajudar quem mais precisa
Servidores e alunos se mobilizam para dar assistência a famílias carentes, idosos, profissionais de saúde e grupos vulneráveis
Cresce a rede de solidariedade e voluntariado no Instituto Federal de Sergipe (IFS). Diante do agravamento da vulnerabilidade social das famílias de baixa renda, dos efeitos do isolamento social sobre os idosos e do desabastecimento de itens fundamentais para garantir a proteção da população durante a pandemia da Covid-19, servidores, efetivos e terceirizados, alunos, gestores e até mesmo ex-alunos têm se mobilizado para ajudar e fazer sua parte no enfrentamento da maior crise internacional da atual geração.
As ações surgem de todas as partes e rapidamente contam com a adesão de um número maior de pessoas. Estão sendo organizados nos municípios onde o IFS atua mutirões para a arrecadação e distribuição de donativos, tanto para alunos cujos pais perderam o sustento quanto para populações carentes em geral. Centenas de voluntários tocam as linhas de produção de materiais e equipamentos como protetores faciais, máscaras e álcool em gel a 70%, doados a hospitais e profissionais ligados a serviços essenciais.
Somado às inciativas individuais, o IFS tem adotado medidas para reforçar essa rede de apoio aos segmentos vulneráveis da sociedade. Após concluir a doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para as instituições públicas de saúde, começou a repassar protetores faciais e óculos de segurança aos hospitais privados com a sugestão que, em contrapartida, troquem esses itens por cestas básicas a serem distribuídas para famílias carentes diretamente impactadas pela crise.
Outra iniciativa solidária vem sendo a prospecção de verbas federais disponíveis que garantam a segurança alimentar de grupos vulneráveis no estado. O instituto conseguiu recursos para aquisição de cestas básicas junto a agricultores familiares de Sergipe por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que oferece ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública.
Proteção
Servidores do IFS - Campus Socorro fizeram uma campanha de arrecadação de cestas básicas para as famílias dos alunos atendidos pelo Programa de Assistência e Acompanhamento ao Educando (PRAAE), que ficaram ainda mais vulnerabilizadas após as medidas de isolamento social. A iniciativa foi tão gratificante que agora os esforços são para arrecadar roupas e agasalhos para proteger do frio comunidades pobres localizadas no entorno do campus.
Os idosos que passavam o tempo jogando conversa fora nas esquinas e calçadas próximas ao IFS receberam uma atenção especial. Com muita criatividade, boa vontade e afeto, os servidores utilizaram materiais reciclados como tampas de garrafa pet, sobras de pisos de cerâmica e madeirite para produzir jogos de tabuleiros, garantir a recreação em família e proteger os mais velhos da exposição nas ruas.
“Com certeza nós ganhamos muito mais do que quem recebeu. Os colegas participaram, se envolveram, deram o seu melhor e continuam ajudando. Foi muito gratificante para nós, que temos uma condição de vida razoável, podermos fazer nossa parte para ajudar e proteger quem mais precisa nesse momento tão difícil”, afirmou o diretor do Campus Socorro, José Franco de Azevedo.
No Campus Itabaiana a mobilização foi para angariar materiais de higiene e limpeza para instituições carentes que assistem idosos, moradores de rua e crianças abandonadas. A pandemia exigiu investimentos extra em medidas de higienização que a maior parte desses abrigos não tem como arcar. “Ficamos muito agradecidos porque, nesse momento, a instituição está necessitando. Que bom que os servidores do IFS estenderam a mão e participaram dessa união conosco”, comemorou a responsável pelo Lar Cidade de Deus, irmã Cristiane Silva dos Santos.
Ações semelhantes vêm ocorrendo em vários campi. Em Lagarto os servidores arrecadaram cestas básicas para as famílias dos alunos atendidos pelo PRAAE. Já em Aracaju servidores e alunos se uniram para conseguir donativos para pessoas carentes. No Campus Glória começa no próximo dia 5 uma campanha para arrecadar alimentos e produtos de higiene pessoal. Em Estância, a iniciativa de um professor sensibilizou os demais e tem ajudado moradores de rua e populações carentes da capital, onde a maioria reside.
Professor do Campus Estância, Dennis Viana Santana resolveu ajudar por conta própria quando apareceram na sua porta ambulantes pedindo comida, mas logo depois os colegas de trabalho atenderam ao chamado para reforçar o time. Lanches, cestas básicas e cobertores vêm sendo distribuídos desde o início do mês para moradores de rua e famílias pobres. “Eu ajudei com o que tinha na dispensa. Mas pensei: e os demais que estão nas ruas, sem sustento, sem ter o que comer? Então arregacei as mangas e procurei fazer alguma coisa”, contou.
Voluntariado
As linhas de produção que se formaram nos polos de Aracaju e Lagarto para entregar à sociedade materiais imprescindíveis à proteção de profissionais envolvidos no combate à pandemia contam com a colaboração crescente de voluntários. Servidores, alunos e ex-alunos estão doando seu talento e experiência para ajudar a salvar vidas e superar a crise. Muitos estão acumulando as demandas do teletrabalho e das atividades escolares com a confecção de protetores faciais, rodos com lâmpada UVC, sanitizantes, aventais e peças de reposição de respiradores.
O ex-aluno do curso de Eletrônica do Campus Aracaju, Mateus Costa Teles, 22 anos, se voluntariou para fabricar os protetores faciais de acetado como forma de retribuir os conhecimentos adquiridos na instituição que foi seu passaporte para o ingresso na Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde cursa Engenharia Eletrônica. A experiência tem oportunizado muito mais: a atualização profissional nas tecnologias da chamada indústria 4.0 e a satisfação pessoal de servir ao próximo.
“Estou me sentindo útil em poder usar os conhecimentos adquiridos quando estudei no IFS para beneficiar a sociedade, contribuir com a instituição que me formou e, além disso, aprender mais sobre as novas tecnologias digitais e aplicar meus conhecimentos na área da saúde”, relatou Mateus Costa. A solidariedade vem de família. Sua mãe, Maria Eliene Costa, está produzindo máscaras de tecido para doar a moradores de rua e a todos que precisarem.
Quem mais dá, mais sente a recompensa da gratificação. Voluntário do laboratório que fabrica protetores faciais e óculos de segurança no Campus Lagarto, o aluno Douglas Dias de Menezes, 27 anos, do curso de Engenharia Elétrica, conta que o desejo de ser útil veio logo no início da pandemia. “Tem sido incrível saber que nas adversidades e problemas de tão grande proporção o pouco que eu posso fazer, por mais simples que seja, contribui de alguma forma para que ideias e iniciativas como essa aconteçam e possam salvar muitas vidas”, comemorou.
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