IFS amplia diálogo com instituições de Portugal para implantar programas de dupla diplomação
Dupla titulação é tema de palestra da 17ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e faz parte de política de internacionalização do IFS
Por Monique de Sá
Conhecer um novo país, ter acesso a novas culturas e obter novas formas de conhecimento é o sonho de muitos jovens estudantes. Quando a oportunidade acrescenta a chance de uma dupla titulação (diploma de graduação no Brasil e um outro título no país de intercâmbio), este “sonho” ganha ares de realização profissional. Conhecida também por dupla diplomação, trata-se de um programa de mobilidade acadêmica que vem se tornando realidade para alunos de instituições de ensino brasileiras.
Além de proporcionar a realização de estudos e atividades de ensino, extensão e pesquisa na instituição estrangeira, o convênio interinstitucional visa contribuir para melhoria da qualidade da educação profissional, científica e tecnológica. E é devido à sua importância em âmbito acadêmico que a dupla diplomação será tema de uma palestra durante a 17ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que será realizada de 19 a 23 de outubro pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS).
“Estamos falando da SNCT, que é o maior evento da rede, o que traz grande visibilidade para qualquer temática. Será um momento de tirar dúvidas acerca da dupla diplomação, através de um grande debate. Sabemos que o mercado está cada vez mais exigente e temos que ampliar essas áreas de atuação dos alunos. Para isso, a formação é primordial. A dupla diplomação faz com que ele amplie seus horizontes de trabalho e tenha um diferencial”, lembra a pró-reitora de Pesquisa e Extensão do IFS, Chirlaine Gonçalves.
Atento às ações necessárias para internacionalização dos seus cursos, o IFS vem criando as bases para que a dupla diplomação seja oportunizada para os estudantes e servidores que fazem a instituição. Atualmente, o instituto está em constante diálogo com três instituições de ensino portuguesas para que já no primeiro semestre do próximo ano sejam lançadas seleções para esses programas de mobilidade acadêmica.
Reuniões, contatos com coordenadores de cursos, estudos de convênios e termos aditivos são algumas das etapas que antecedem a implantação da dupla diplomação no IFS. Frederico Chaves, assessor internacional da instituição, revela que os responsáveis pelo programa nas instituições de ensino portuguesas veem de forma bastante positiva essa ida de estudantes brasileiros até lá, já que potencializa a formação do aluno brasileiro e português, através desta troca de experiências.
Além disso, Frederico lembra que ter um programa de dupla diplomação institucional é importante para avaliação dos cursos superiores. “O Ministério da Educação (MEC) vê com ‘bons olhos’ esse tipo de parceria, o que traz uma boa pontuação na avaliação dos cursos e motiva o aluno a permanecer em sua graduação. Diminui, assim, o número de evasão e impulsiona o estudante a estudar e se dedicar cada vez mais”, diz o assessor.
Benefícios
As vantagens de se obter os dois títulos são inúmeras. Há casos em que o intercambista pode alcançar até mesmo o título de mestre. Neste caso, dependerá de qual acordo será feito entre as instituições. No caso da relação Brasil e Portugal, será dado o direito de atuar não só nestas nações, mas em toda comunidade europeia.
“Existem vários tipos de acordos de dupla diplomação. O discente pode ter as graduações e pode também realizar o mestrado. Os cursos no Brasil têm carga horária densa. Geralmente as Engenharias tem grade curricular de cinco anos. E em Portugal geralmente são de três anos. Devido a esta densidade dos cursos brasileiros, isso acaba facilitando para que essas outras disciplinas sejam aceitas em nível de mestrado”, explica Frederico.
Convidado para palestrar na SNCT, o professor português e diretor do curso de Mestrado em Construções Civis do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), José Carlos Almeida, acrescenta que os programas de mobilidade são de grande valia para os estudantes. Quando eles “atravessam o oceano”, passam a adquirir mais competências em seu nível de estudos, além de saírem da zona de conforto.
“Os diplomas ficam válidos nos dois continentes e, profissionalmente, proporciona conhecimentos ao nível de legislação dos dois países, sendo que, por exemplo na área de estruturas, os regulamentos são europeus, abrindo ainda mais o leque de possibilidades futuras. Como existe acompanhamento ao nível dos estágios, a inserção no mercado de trabalho é feita de forma gradual sem haver o corte abrupto do cordão umbilical que os liga às instituições de ensino”, explica Carlos.
Implantação dos programas
O processo de implantação passa por muitas instâncias dentro e fora da instituição. O objetivo é que até o final deste ano sejam finalizados todos os trâmites para que em 2021 seja executado o programa. As experiências de outros institutos contam muito neste processo. É o caso do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). “Eles investem bastante em internacionalização de cursos e nos ajudam com os contatos com essas outras instituições em Portugal”, lembra Frederico.
Atualmente, o IFS mantém contato com três institutos portugueses de educação: o Instituto Politécnico do Porto (IPP), o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).
O convênio com o IPP já está firmado e inclusive garantiu o desenvolvimento de 15 projetos de servidores do IFS na área de educação e turismo no ano passado. A ideia é que se possa fazer um termo aditivo acrescentando a dupla diplomação como oportunidade para discentes do curso Bacharelado de Sistemas de Informação do Campus Lagarto.
Na última quinta, 24, foi realizada uma reunião com o IPS para que se possa estreitar os laços e dar início ao processo de dupla titulação, que beneficiaria alunos de Engenharia Elétrica do IFS Lagarto. “Fomos orientados a procurar a equipe de Setúbal por haver mais compatibilidade entre as grades curriculares. Contaremos com o auxílio dos professores para o processo de equivalência das disciplinas e estudo dos cursos, verificando, assim, a possibilidade e em qual modelo”, lembra o assessor internacional.
O IPG está preparando um convênio destinado aos cursos de Engenharia Civil das instituições. Este pode ser considerado um ponto de partida para que se possam estender a outros tipos de formação. Funcionaria da seguinte maneira: os alunos das instituições, quando frequentam o último semestre da formação, candidatam-se a esta mobilidade. Os estudantes do IFS, que entrarem nesta mobilidade cursarão, em Portugal, o último semestre da Licenciatura em Engenharia Civil e, com isto, ficam com o grau de licenciado em Engenharia Civil. Este grau permite, depois, ter acesso à profissão, faltando apenas fazer um estágio extracurricular para ingressar nas Ordens Profissionais.
“Esta parceria é atrativa porque, no ano seguinte, os alunos vão cursar um semestre de disciplinas do Mestrado de Construções Civis e no semestre seguinte o Projeto Aplicado ou estágio. Assim, com três semestres de formação adicionais, ficam com o grau de Bacharel, de Licenciado (ao exercício da profissão) e de Mestre. No caso dos alunos do Instituto Politécnico da Guarda eles vão para o Instituto Federal de Sergipe e cursarão os últimos três semestres do Bacharelado. Deste modo, os graduados de ambas as instituições, vão poder entrar diretamente no mercado de trabalho”, explana o docente do IPG, José Carlos Almeida.
Palestra 17ª SNCT
Durante a 17ª SNCT será realizado o 2º Fórum de Internacionalização do IFS (FINIFS), no dia 20 de outubro, a partir das 16h. José Carlos Almeida e Frederico Chaves estarão à frente da palestra: “Programas de dupla titulação - O desafio e os benefícios de sair da zona de conforto”. O convite foi feito ao professor luso pelo próprio IFS e foi amplamente aceito. O objetivo será a apresentação do IPG, seus cursos e mostrar um pouco do município português, Guarda, além, é claro, de dar ênfase especial à temática da palestra: dupla titulação.
“Estas parcerias têm sido casos de sucesso! Os alunos, como era esperado, têm sido o nosso melhor meio de comunicação e divulgação. O feedback que eles enviam para o Brasil tem sido muito positivo. Estão perfeitamente enquadrados na nossa comunidade acadêmica e profissional. Aqui no IPG, temos alunos que estão acabando seus estágios e outros que vão, agora em outubro, começar com as aulas de Mestrado. Já estamos fazendo s preparativos para receber os próximos”, antecipa o docente, José Carlos, acerca da motivação causada nos alunos com o programa.
O convênio de dupla diplomação interinstitucional está encaminhado. Até o momento, foi enviada a primeira proposta de acordo de cooperação entre o IFS e o IPG para apreciação dos responsáveis. “Estamos confiantes que, até ao final do ano, se possa concluir o processo de modo que, a partir do início de 2021, já tenhamos alunos participando da mobilidade”, conclui José Carlos, palestrante convidado da 17ª SNCT.
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