Aluno desenvolve software para melhorar segurança de escoras de lajes
Pesquisa foi resultado de Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil do IFS - Campus Estância
Por Carole Ferreira da Cruz
Acaba de ser patenteado pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS) – Campus Estância um software inovador que melhora a segurança das estruturas de escoras de lajes desenvolvido por aluno do curso de Engenharia Civil. O aplicativo foi registrado junto ao INPI, que gerencia a propriedade industrial no país, e é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Lincoln Costa Modesto dos Santos, 24 anos, que acaba de passar pela fase de qualificação e será defendido no primeiro semestre do ano que vem.
Batizado de Reescore Lajes, o software é um aplicativo móvel que tem como objetivo otimizar uma das etapas mais negligenciadas na construção. O app coleta dados a partir do tipo de laje escolhida pelo usuário e do escoramento a ser utilizado para, então, fazer as verificações de cálculo e o dimensionamento de acordo com as normas técnicas. Caso as verificações estejam de acordo com as diretrizes da norma, é fornecido ao usuário um projeto de escoramento que pode ser visualizado no próprio aplicativo ou feito o download nos formatos PDF e XLS.
Lincoln Modesto explica que estruturas provisórias, de maneira geral, são dimensionadas e retiradas de maneira empírica, o que acaba comprometendo a segurança da edificação, das edificações vizinhas e dos trabalhadores no canteiro de obras. “A partir da existência de uma ferramenta capaz de dimensionar e projetar as estruturas provisórias de maneira dinâmica e de fácil acesso a todo o público da Engenharia Civil, é possível obter mais segurança, economia e estabilidade nas construções”, informou.
De acordo com o professor orientador do projeto, Thiago Augustus Remacre Munareto Lima, o app foi desenvolvido inicialmente para plataforma androide, mas será expandido para IOS ( iPhone). “A proposta foi criar um software simples e intuitivo que pudesse ser usado tanto pelo engenheiro quanto pelo leigo sem conhecimento técnico. A intenção de ser gratuito é justamente sanar alguns problemas recentes no Brasil quanto a desastres em estruturas de concreto causados por problemas na execução ou imperícia do escoramento, que é uma área muito negligenciada na Engenharia”, observou.
Publicações internacionais
Além do registro de patente, os projetos de TCC das primeiras turmas dos formandos de Engenharia do Campus Estância têm apresentado um nível tão alto que já renderam publicações em revistas científicas de excelência nacional e internacional. É o caso dos trabalhos de José Eduardo Macedo Carvalho, que defende em 2021, e de Anny Salonny S. Nascimento, formada em 2019 entre os engenheiros pioneiros. Ambos realizaram pesquisas relevantes que atenderam demandas do mercado e da sociedade.
José Eduardo, 21 anos, desenvolveu quando foi bolsista de iniciação científica um impermeabilizante para alicerce com reaproveitamento de resíduo de vidro e argila mais eficiente e barato do que os existentes no mercado, em geral pouco usados pelos pedreiros devido ao preço elevado. A falta de impermeabilização adequada na construção civil pode ocasionar problemas nas estruturas, como infiltrações, umidade (mofo) e corrosão. A pesquisa foi publicada em novembro na Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales (Qualis B2).
O TCC é um desdobramento desse estudo voltado agora para o desenvolvimento de uma argamassa impermeabilizante a base de PVAc e argilominerais – minerais encontrados em solos, sedimentos e rochas. “O diferencial do meu projeto é a preocupação socioeconômica em querer desenvolver um material melhor e com um custo mais acessível, além de buscar solucionar diversas patologias (doença das construções) que causam transtornos como a infiltração, por conta da falta ou ineficiência do sistema de impermeabilização”, destacou José Eduardo, que pretende ingressar no mestrado e seguir na área acadêmica.
O artigo de Anny Salonny, 27 anos, publicado em janeiro no Journal Cleaner Production (Qualis A1), abordou a desenvolvimento de uma argamassa ambientalmente sustentável produzida a partir do reaproveitamento de resíduo de pó de granito, descartado pelas marmorarias. Além do ganho ambiental, o produto ficou de 10% a 20% mais barato que os vendidos no mercado. “A pesquisa colaborou para a evolução de meus conhecimentos e mostrou a importância de minimizar o consumo de matérias primas e de reduzir o impacto que alguns resíduos causam ao meio ambiente quando descartados de forma inadequada”, enfatizou.
Segundo o professor orientador Herbet Alves de Oliveira, pesquisas envolvendo materiais alternativos são desafiadoras e exigem uma estrutura que o campus ainda não dispõe, mas a parceria com a UFS garantiu as condições para que fosse feita toda a caraterização física, química, tecnológica e microestrutural necessária. “Eduardo pesquisou um assunto muito raro, que é o uso de polímeros, e Anny abordou uma temática atual, que são as tecnologias limpas. A excelente qualidade dos trabalhos garantiu as publicações em revistas internacionais e mostra o alto nível dos nossos TCCs”, ressaltou.
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