Tecnologia a todo vapor: IFS insere alunos em projetos de inovação
Projetos de inovação tecnológica mostram que estamos no caminho certo rumo ao avanço educacional e formação técnica dos estudantes
A cada época surge um grupo de inovações que impulsiona a indústria e marca o ritmo de toda sociedade. Em 1765, a máquina a vapor permitiu mais eficiência à produção e deu as bases para que, mais tarde, eclodisse a Revolução Industrial. No início do século XX, os transistores tornaram possível a construção de equipamentos cada vez menores e fizeram nascer os computadores. A construção dos satélites, na década de 50, permitiu que hoje tenhamos comunicação instantânea. A internet, por sua vez, é a soma de inúmeras outras invenções e é capaz de interconectar o mundo. O que todas essas tecnologias têm em comum é o fato de terem surgido a partir de pesquisas que buscaram soluções para demandas da vida. No mês de julho, o Instituto Federal de Sergipe (IFS) também deu a sua contribuição: realizou dois eventos que expuseram à sociedade sua vocação para ciência aplicada. Além disso, viu uma aluna emplacar uma produção no maior evento de inovação do mundo.
O momento no qual os alunos do IFS expõem para a comunidade as suas produções tecnológicas revela o incentivo dado pelos professores à inovação e a inclinação prática que as aulas possuem tanto em sala quanto em laboratórios. Para a Feira de Ciências do Campus Estância, por exemplo, estudantes das disciplinas de biologia e geografia foram a campo conhecer mais sobre a fauna do manguezal – no local, fizeram coleta de mariscos e plantas aquáticas para depois apresentarem no evento científico. De acordo com Sônia Albuquerque, diretora geral, os alunos mostram nas exposições a sua capacidade intelectual, dedicação e compromisso com a educação. “O evento superou as expectativas e rendeu excelentes frutos".
Muita gente que visitou a Feira de Ciências ficou encantada com os projetos que foram expostos. Entre os experimentos e apresentações realizadas pelos alunos estavam protótipos e aplicações, como os geradores eólicos para acender ventilador e leads,sistema de automação residencial e um robô inteligente que atira bolas e derruba objetos.Para completar, houve demonstração de funcionamento de uma estação de tratamento de água, do processo de fermentação de cana para a produção de álcool até um sistema de aquaponia, que é o cultivo que une piscicultura e a hidroponia, técnica que não faz uso de solo e mantém as raízes das plantas submersas na água.
Robôs
Enquanto a Feira de Ciências do Campus Estância mostrou a força do IFS no desenvolvimento dos seus próprios produtos ligados à ciência aplicada, a realização da etapa estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) no Campus Aracaju deixou claro o reconhecimento em nível nacional da instituição como incentivadora da pesquisa e da qualidade do seu curso de eletrônica. Pelo terceiro ano consecutivo no IFS, a seletiva sergipana da competição de robôs, nesta edição, apresentou um aumento expressivo do número de equipes – de 7 grupos inscritos de escolas públicas e particulares em 2015 saltou para 49, um aumento de 600%.
A etapa estadual da OBR possui duas fases com níveis distintos – a primeira é voltada para os alunos do ensino fundamental, enquanto a segunda é dirigida aos estudantes do ensino médio. O desafio é manter um robô, construído pelas equipes de estudantes, em uma linha, cujo trajetopossui retas e curvase é definido pela coordenação do evento. Iago Barbosa, discente do IFS, avalia como muito proveitoso o envolvimento em competições científicas como a OBR. “O aluno precisa aprender muito conteúdo para poder executar todas as tarefas. Por trás da linha que o robô tem de percorrer tem muitos algoritmos e muitas soluções mecânicas que é preciso dominar”, aponta. Das 13 equipes do ranking divulgado no fim da olimpíada, 5 delas eram do IFS – a mais bem colocada ocupou o 3º lugar.
Festa no campus
O ambiente do evento de inovação, ciência, criatividade e entretenimento digital Campus Party é digno do nome – em um espaço gigantecom muito aparato eletrônico, centenas de geeks, ou seja, jovens que são famintos por tecnologia e jogos, reúnem-se para apresentar e falar do que mais gostam. A próxima edição será realizada em Salvador, mas o evento tem proporções mundiais - surgiu na Espanha e se estendeu para países como Brasil, Colômbia, México, Argentina, Chile e Estados Unidos. A apresentação extensa sobre a Campus Party tem um propósito: mostrar o nível da conquista de Brunna Suellen Martins Barreto, do Campus Lagarto, que vai apresentar no evento a pesquisa da qual fez parte sobre o aproveitamento sustentável da água expelida pelos aparelhos de ar condicionado.
A pesquisa que Brunna Suellen se envolveu tem apelo ecológico e busca trabalhar de forma prática conteúdos vistos nas disciplinas do curso de rede de computadores. “O projeto foi dividido em etapas. Desenvolvemos duas plantas, uma em 2D e outra em 3D, para definirmos a execução do sistema. Depois disso, selecionamos os sensores adequados e fizemos a simulação em maquete”, conta a aluna. Almerindo Rehem, orientador, aponta a conexão entre o estímulo à pesquisa aplicada e a empregabilidade. “Imaginem que colocamos no mercado os alunos A e B. O A é autodidata, tem a pesquisa no seu DNA e é treinado para identificar problemas e pesquisar como resolvê-los. O B está acostumado a responder exercícios em casa e trazê-los de volta. Quem o empresário contrataria? É claro que o A”.
O expressivo envolvimento de alunos em projetos de pesquisa aplicada é refletido nos números: atualmente, o IFS possui 1.092 bolsas de pesquisa nas mais diversas áreas do conhecimento. Outro ponto que contribui para a qualidade dos protótipos apresentados nas exposições científicas é a titulação do corpo docente. Dos 494 professores da instituição, 381 possuem título de mestre ou de doutor – muitos deles, inclusive, conciliam no currículo titulação acadêmica com vasta experiência no mercado. A combinação é produtiva e faz não restar dúvidas: a boa formação teórica com o estímulo da visão aplicada é um dos diferenciais do IFS e leva, ano a ano, os seus estudantes a se destacaram Brasil a fora quando o assunto é inovação tecnológica.
Matéria originalmente publicada na edição de agosto do jornal A PRÉVIA
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