Projeto propõe discussão sobre sexualidade e identidade de gênero
Em fevereiro deste ano, uma família de Mato Grosso conseguiu na Justiça o direito de realizar a mudança de gênero e obter um novo nome para o filho de nove anos. A criança nasceu com o gênero masculino, mas desde cedo se identificava com o oposto: gostava de usar vestidos e planejava um dia ter marido e filhos. Em decisão inédita no país, o juiz entendeu que a decisão foi dada para garantir que a criança seja respeitada na sua individualidade e tratada como ela realmente se vê.
Casos como o da família mato-grossense ainda não têm a penetração merecida no judiciário brasileiro, mas a lição dada pelo magistrado já repercute e inspira debates. Um deles foi realizado pelo projeto Saberes e Sabores: Sexualidades e Identidades de Gênero. O evento foi realizado no Instituto Federal de Sergipe - Campus Lagarto e contou com a participação de cerca de noventa alunos do Campus Itabaiana, que estão na faixa dos 15 aos 18 anos de idade.
A discussão sobre identidade de gênero é nova e apenas nos últimos anos têm merecido cobertura dos meios de comunicação de massa. Matheus Silveira de Menezes, do 3º ano do curso integrado em Agronegócio, foi um dos alunos que se deslocou ao município de Lagarto para entender mais sobre a temática. Ele explica que o debate é bastante importante para a sociedade visto que aborda situações que vão deixar de ser diferentes nos próximos anos e passarão a ser normais. “A sociedade vai passar a discutir o tema com mais naturalidade”, explica Matheus.
Um dos idealizadores do evento é o professor de Educação Física Luiz Carlos Vieira Tavares, do Campus Lagarto. Segundo ele, o projeto Saberes e Sabores nasceu com o objetivo trabalhar inúmeras temáticas de relevância, como a da questão de gênero e sexualidade. “Tem ocorrido muitos casos na escola e ela precisa estar aberta e preparada para discutir. Por isso convidamos Manú Rodrigues, que é transexual e professora de Português do Campus São Cristóvão, para discutir aqui com todos nós”, comenta. O evento ainda contou com a palestra do aluno Roberto Rangel que versou sobre homofobia.
José Rocha Filho, diretor geral do Campus Itabaiana, comenta que é bastante importante deslocar o aluno do ambiente de sala para promover discussões mais amplas sobre temas que estão em sintonia com a fase da adolescência, na qual está inserida a maioria dos estudantes. “Serve para quebrar qualquer tipo de preconceito. Temos a preocupação em formar um aluno que pensa e que está inserido dentro de um contexto familiar, social e da instituição e que tem capacidade de refletir sobre tudo isso”.
A participação dos alunos no debate em Lagarto teve o envolvimento dos professores Vinícius Rodrigues Alves de Souza, de Sociologia; Cleidinilson de Jesus Cunha, de Geografia; Aldemir Smith Menezes, de Educação Física; Josilene Carvalho, de Espanhol; além de José Rocha Filho, diretor geral e professor de História.
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