Edificações e sociedade: um debate para além da técnica
Entre outras tantas discussões levantadas, a Jornada de Edificações do Campus Lagarto trouxe à tona a relação entre o trabalho do técnico em edificações e a transformação social
A atuação do profissional técnico é muitas vezes atrelada a um trabalho matemático, entre a elaboração de projetos e a projeção de custos e despesas. Gráficos, escalas e planilhas são vistos como ferramentas de primeira ordem. A Jornada de Edificações do Campus Lagarto, ocorrida no dia 22 de outubro, ampliou essa perspectiva, ao levantar discussões que mostram que a atuação do profissional de edificações pode estar próxima de conceitos como cidadania, transformação social e gestão ambiental.
A palestra de abertura, proferida pela professora Sheilla Costa, da coordenadoria do curso técnico em Edificações do Campus Aracaju, apresentou os resultados iniciais do Escritório Modelo coordenado por ela no campus da capital. Um escritório modelo é um espaço extensionista onde, supervisionados por professores, alunos de determinado curso aplicam o conhecimento teórico e prestam serviço à comunidade externa à instituição.
A professora Sheilla mostrou como, através desse espaço de aprendizagem, a sociedade civil, principalmente aquelas pessoas que não têm como pagar por um projeto arquitetônico, pode ser alcançada por ações diretas do instituto. “Como estágio não é mais obrigatório no currículo de Edificações, o escritório serve de espaço de aplicação prática para os alunos do curso. Mas, mais do que isso, sinto que essa e outras ações são um retorno do IFS à comunidade no qual ele está inserido”, reflete a professora.
Construção civil e sustentabilidade
Uma das palestras do evento trouxe à tona a preparação da cidade de Belém, do Pará, para sediar a COP30, o maior evento do mundo no que diz respeito a metas e decisões políticas sobre o clima. O professor Manoel Gomes, recém-
chegado ao Campus Lagarto, falou de sua participação nos projetos que, nos últimos anos, tornaram possível a vinda para Belém da reunião da cúpula da ONU sobre mudanças climáticas.
Ao mesmo tempo em que se mostrava o cenário ideal para um evento dessa natureza, faltava à capital do Pará diversos requisitos de infraestrutura essenciais ao porte do evento. “E, com certeza, um dos grandes desafios foi acelerar as obras estruturantes respeitando os diversos aspectos naturais da cidade, biomas característicos e rios que se mesclam à cena urbana”, frisou o professor Manoel, que viu na realização do COP a oportunidade de Belém se tornar a grande capital turística do norte brasileiro.
Sustentabilidade foi também um dos pilares do projeto apresentado pela aluna Maria Yara, do 1º ano do curso integrado em Edificações do Campus Lagarto, na Mostra de Projetos que ocorreu durante a jornada. “Na disciplina de Desenho Técnico Projetual e Arquitetônico, nos foi proposto que escolhêssemos uma área do IFS para uma reforma que incorporasse sustentabilidade, acessibilidade, conforto e convivência”, revelou a estudante, demonstrando como o evento buscou aliar pesquisa, ensino e extensão. “Elaboramos, então, um projeto de reforma no pátio próximo ao auditório, com decks para descanso, mesa central com QR Code com áudio-guia para deficientes visuais e bancos ao redor”, finalizou Maria Yara.
Essas perspectivas que transitaram entre o local e global, entre a técnica e a vida concreta de pessoas comuns, fizeram a comissão organizadora da jornada avaliar positivamente o evento. “Nessa edição, buscamos estreitar a parceria com a Coordenadoria de Ciências Humanas e Sociais, além de dividir os trabalhos da comissão em subgrupos. Também trouxemos, mais uma vez, as experiências de ex-alunos que atuam na área, seus desafios e superações, a fim de inspirar as novas gerações de futuros técnicos em edificações”, explicou o professor Paulo André Silva, presidente da comissão que coordenou os trabalhos do evento.
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